Ato “Justiça para mãe Bernadete e Binho” foi realizado no início da tarde desta quinta-feira (24), em frente ao centro cultural Casa das Pretas, na praça da Mandioca, centro de Cuiabá. Protesto teve como objetivo pedir justiça pelo assassinato da líder quilombola reconhecida nacionalmente pela luta em prol dessa população, Maria Bernadete Pacífico, 72, em Simões Filho (BA), no dia 17 de agosto de 2023. Ato também cobrou punição aos responsáveis pela morte do filho de mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico, 36, conhecido por Binho do quilombo, também assassinado em 2017.
Nem mesmo o sol forte do meio impediu os protestantes de irem à rua. Ato contou com a participação do Coletivo Negro Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Conforme a integrante do coletivo, Lupita Amorim, o fim da violência é objetivo do protesto.
“Os movimentos sociais negros de Mato Grosso que integram a Coalizão Negra por Direitos se reuniram hoje para manifestar nossas indignações, queremos o fim da violência policial e de Estado, pois nossas crianças e o povo negro querem viver! Chega de chacinas! Mãe Bernadete e Binho Presentes! Convidamos as demais pessoas e organizações que assinem o Manifesto da Coalizão que contém nossas reivindicações”, disse Lupita.
Cartazes com frases de ordem foram confeccionados e estendidos nas ruas pelos participantes da manifestação. Autoridades e representantes de outros movimentos presentes falaram sobre a brutalidade ocorrida contra mãe Bernadete.
Participaram do ato Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso, Coletivo Negro Universitário UFMT, UNEGRO Pantanal, Movimento Negro Unificado – Mato Grosso; Ile Ase Egbe Ketu Omo Orisa Odé, Ilè Okowòo Asè Iya Lomin’Osa, Centro Espírita Nossa Senhora da Glória; Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação; Rede Nacional de Religiões Afro-brasileira e Saúde em Mato Grosso (Renafro-MT).
Jornada dos Movimentos Negros Contra a Violência Policial
Data foi marcada por manifestações em todo Brasil. Movimento é nomeado de “Jornada dos Movimentos Negros Contra a Violência Policial”. Os protestos tomam as ruas contra as operações policiais que mataram centenas de pessoas negras e periféricas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia e espalham terror em milhares de comunidades e favelas do país.
Com recente assassinato de mãe Bernadete, ato incluiu morte da líder entre a manifestação de pedido por justiça.
Mãe Bernadete
A líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada a tiros na última quinta-feira (17), em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador (BA). Nome respeitado nos movimentos sociais do Brasil, Bernadete chefiava o Quilombo Pitanga dos Palmares e fazia parte da direção da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). Ela também era mãe do quilombola Flávio Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, assassinado em 2017.
Conforme reportagem do Instituto Humanitas Unisinos, familiares que presenciaram o crime, disseram que dois homens armados invadiram o terreiro de candomblé que Bernadete comandava em Simões Filho e abordaram a líder quilombola ao lado dos netos.
Jovens foram trancados em um quarto e Bernadete executada com 14 tiros. Por não integrar um programa de proteção a defensores de Direitos Humanos do governo da Bahia, não havia qualquer vigilância da polícia na hora do crime
Fonte: gazetadigital