A atriz Léa Garcia morreu aos 90 anos nesta terça-feira (15) em Gramado, na serra do Rio Grande do Sul. Ícone da representatividade negra no teatro, cinema e TV, a veterana seria homenageada no Festival de Cinema de Gramado com o Troféu Oscarito pelo conjunto da obra. A morte de Léa acontece pouco mais de uma semana após o falecimento de Aracy Balabanian e é mais uma perda irreparável para as artes brasileiras em 2023.
“É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora na cidade de Gramado da nossa amada Léa Garcia”, informaram os parentes da atriz. A atriz foi vítima de um infarto agudo no miocárdio e encaminhada a um hospital, porém não resistiu. Léa desembarcou na cidade no final de semana e chegou a posar ao lado do Troféu Kikito de Ouro entregue aos melhores do cinema.
Na carreira, Léa Garcia atuou em novelas como as primeiras versões de “Selva de Pedra” (1972) e “Escrava Isaura” (1976, onde foi a vilã Rosa) e nos remakes de “A Viagem” (1994) e “Anjo Mau” (1997), além das minisséries “Abolição” (1988) e “Agosto” (1993), todas na Globo. A morte da atriz abalou amigos e fãs como Lázaro Ramos e Manoel Soares.
Léa Lucas Garcia de Aguiar era natural do Rio de Janeiro, nasceu em 11 de março de 1933, e perdeu a mãe aos 11 anos, passando a ser criada pela avó. Com sonho de ingressar na faculdade de Letras, viu sua vida mudar ao conhecer o dramaturgo Abdias Nascimento, que recomendou que a futura atriz lesse as tragédias gregas.
A estreia de Léa nos palcos ocorreu em 1952 com “Rapsódia Negra”. Quatro anos depois fez “Orfeu da Conceição”, onde deu vida a Mira. Já no filme “Orfeu Negro” (1959), fez a Serafina e ficou em segundo lugar no prêmio Palma de Ouro em Cannes (França). Já em 1999, atuou na refilmagem “Orfeu”.
No cinema, somou quase 40 filmes como “A Noiva da Cidade” (1979), “Viva Sapato!” (2002), “Remissão” (2007) e “O Pai da Rita” (2022). No teatro, cerca de 30 trabalhos, com destaque para “Casa Grande e Senzala” (1971) e “Disse me Disse” (2003).
A artista estreou na TV nos anos 1950 na extinta TV Tupi. Na Globo, Léa chegou em 1970 com “Assim na Terra como no Céu” e passou ainda pelas TVs Rio, Bandeirantes e Manchete (com produções como “Dona Beija”, em 1986, e “Xica da Silva”, em 1996). Na novela “Fogo Sobre Terra”, a atriz precisou regravar a cena na qual matava o patrão pois a censura classificou de “mau exemplo”.
Já na década de 2000 migrou para a RecordTV e fez novelas como “Cidadão Brasileiro”, em 2006. O último trabalho foi em 2022 na TV Cultura em “Independências”. Léa conquistou prêmios como Melhor Atriz no Festival de Cinema de Gramado (2004), no Festival de Cinema e TV de Natal (2009) e Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (2014) e Atriz Coadjuvante no Guarani de Cinema (2007).
Fonte: purepeople.com.br