Cacique Adalberto Omnhorowe Odzarana, da Aldeia Palmeira, de Campinápolis (658 km a leste), registrou um boletim de ocorrência denunciando o envenenamento de 7 mulheres na enfermaria da Casa de Saúde Indígena (Casai) do município. O caso foi registrado na Delegacia da Polícia Civil, mas encaminhado à Polícia Federal de Barra do Garças para apuração de um possível crime de genocídio contra membros da etnia Xavante.
Segundo o relato do cacique Adalberto, 56, no dia 21 de julho ele esteve na enfermaria da Casa de Saúde Indígena com a esposa e, por volta das 20h, uma enfermeira entregou à paciente o remédio com um copo de água. Esposa do cacique tomou o líquido, sentiu a garganta queimar e começou a vomitar.
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Adalberto sentiu o cheiro estranho no copo e conta que levou até um enfermeiro, questionando o que era o líquido e pedindo para que o profissional tomasse aquela água. Segundo ele, o enfermeiro cheirou o copo e afirmou que era água sanitária.
Cacique conta que foi pedido para que todo aquele líquido fosse jogado fora, mas os funcionários da Casa de Saúde não fizeram isso e, no decorrer dos dias, outras 6 mulheres foram envenenadas. Uma delas estava grávida e perdeu o bebê.
A ocorrência foi registrada na segunda-feira (07) e consta no boletim da Polícia Civil que uma idosa também teria ficado internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após ingerir a água sanitária oferecida com o medicamento.
O cacique informou que algumas das vítimas foram encaminhadas e tratadas no Hospital Regional de Água Boa, mas que na tarde de ontem todas as mulheres já haviam recebido alta e estão na aldeia.
O cacique contou que a situação causou revolta em toda a população da aldeia e os indígenas não querem mais a presença dos funcionários envolvidos na Casai da região. Ele conta que os enfermeiros envolvidos afirmaram que a água sanitária foi colocada no local errado pela faxineira, o que causou a confusão.
Por se tratar de uma ocorrência envolvendo indígenas, em uma unidade federal, o delegado de Campinápolis, Adriano Cavalheri, encaminhou o caso à Polícia Federal, que só recebeu a ocorrência na tarde de quarta-feira (9) e já entrou em contato com o cacique, iniciando as investigações de um possível crime de genocídio.
Outro lado
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) informou que a Casa de Saúde Indígena (Casai) de Campinápolis é gerida pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Xavante. A SES ainda esclareceu que o Hospital Regional de Água Boa é gerido pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde da região. Portanto, informações sobre o ocorrido devem ser esclarecidas pelo DSEI e/ ou Consórcio.
Em nota, o Ministério da Saúde lamentou os óbitos ocorridos na Casa de Saúde Indígena de Campinápolis, afirmando que o caso já está em investigação junto às autoridades. A pasta informou que prestará todo o apoio necessário aos pacientes e familiares até que as investigações sejam concluídas.
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Fonte: gazetadigital.com.br