Macron pede retorno à ordem e domingo tem ao menos 49 presos na França

Macron pede retorno à ordem e domingo tem ao menos 49 presos na França
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O presidente francês Emmanuel Macron reuniu-se com ministros no domingo (27) em Paris e pediu a continuidade dos esforços pelo retorno à ordem no país.

A França assiste a protestos violentos depois que a polícia matou um adolescente de 17 anos na terça-feira.

Após o encontro, Macron disse que permanece firme ao lado das forças de segurança que tentavam restaurar a calma nas ruas, mas que ao mesmo tempo analisa detalhadamente os eventos que levaram à morte de Nahel, de 17 anos.

O presidente deve se encontrar com líderes do parlamento na segunda-feira e mais de 220 prefeitos de cidades afetadas pelos distúrbios na terça-feira.

O Ministério do Interior anunciou que houve 49 prisões em todo o país no domingo até às 23h30, pelo horário local (18h30 pelo horário de Brasília)

O prefeito de Marselha, no sul da França, anunciou 2 milhões de euros (R$ 10 milhões) para os comerciantes da cidade cujos negócios foram danificados nos distúrbios.

“As lojas são essenciais para o quotidiano dos marselhanos e para o dinamismo da nossa cidade. É nosso papel estar ao lado delas”, disse Benoît Payan em um comunicado.

Ataque à casa de prefeito

No sábado, manifestantes tentaram incendiar a casa do prefeito de um subúrbio de Paris durante a noite e dispararam foguetes contra a esposa e os filhos do funcionário em fuga.

O incidente causou choque generalizado e está sendo tratado como tentativa de homicídio. A primeira-ministra francesa Elisabeth Borne descreveu o acontecimento como “intolerável”.

O prefeito Vincent Jeanbrun não estava em casa, mas sua esposa quebrou a perna e uma criança também ficou ferida.

Os suspeitos do incidente em L’Haÿ-les-Roses, ao sul de Paris, ainda não foram identificados.

Família pede mudança no uso de força letal

Uma parente do adolescente francês baleado pela polícia disse neste domingo em entrevista à BBC que a família não queria que sua morte provocasse tumultos, mas insistiu que a lei sobre uso de força letal em blitz de trânsito deve mudar.

“Nunca pedimos ódio ou tumultos”, disse a pessoa da família.

Mais cedo, a avó de Nahel também pediu o fim da violência e acusou os manifestantes de usar a morte de Nahel como desculpa.

“Não destruam as escolas, não destruam os ônibus. São outras mães que pegam esses ônibus”, disse Nadia, avó de Nahel, à rede de televisão BFMTV.

Fim de semana tumultuado

Polícia e manifestantes entraram em confronto na cidade francesa de Marselha, enquanto o país enfrentou no sábado uma quinta noite de agitação após a morte de um adolescente baleado pela polícia à queima-roupa.

A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestante, e as autoridades dizem que pelo menos 43 prisões foram feitas na cidade do sul.

Em Paris, uma forte presença policial no centro dissuadiu os protestos.

Grandes multidões compareceram no sábado ao funeral de Nahel M., de 17 anos, morto na terça-feira durante uma operação de controle de trânsito.

Cerca de 700 foram presos em toda a França na noite de sábado.

Na sexta-feira, pelo menos 1.300 pessoas foram presas em toda a França. Houve manifestações nas cidades de Marselha, Lyon, Grenoble e partes de Paris.

Protestos em Nanterre, perto de Paris, terminou em atos de vandalismo

Quando os protestos começaram, no início da semana, os manifestantes atacaram principalmente prédios públicos, como prefeituras, bibliotecas e centros comunitários.

Mas, com o passar dos dias, o foco mudou para saques e pilhagens de lojas.

Na noite de quinta-feira, as lojas da Zara e da Nike em Paris foram saqueadas. Supermercados e pequenas empresas em todo o país também foram alvos — lojas de esquina e tabacarias também relataram ter sido invadidas e saqueadas.

Incidentes semelhantes aconteceram na noite de sexta-feira, alguns mesmo antes do anoitecer. Várias lojas, como a da Apple em Estrasburgo, tiveram que fechar mais cedo depois de terem sido atacadas por grupos de pessoas.

Quem era o jovem morto pela polícia

Filho único criado pela mãe, Nahel M. trabalhava como entregador de comida e jogava rúgbi.

Ele estava estudando em Suresnes, não muito longe de onde morava, para se formar como eletricista.

Aqueles que o conheceram disseram que ele era muito querido em Nanterre, onde morava com sua mãe, Mounia, e aparentemente nunca conheceu seu pai.

Pouco depois das nove da manhã de terça-feira (27/6), ele foi baleado no peito, à queima-roupa, ao volante de um carro Mercedes. A polícia afirma que ele tentou fugir durante uma fiscalização de trânsito.

Nahel M. não tinha antecedentes criminais.

‘Sistema judiciário é culpado pela morte’, diz advogado

Nesta semana, o advogado do adolescente assassinado Nahel falou ao programa Newshour do Serviço Mundial da BBC.

O policial que atirou e matou Nahel já foi indiciado por homicídio doloso. O advogado de Nahel, Yassine Bouzrou, disse que a impunidade dos policiais na França é parte do problema.

Bouzrou disse que o sistema judicial, e não o racismo, foi o culpado pelo que aconteceu com o jovem de 17 anos.

“Temos uma lei e um sistema judicial que protege os policiais e cria uma cultura de impunidade na França”, disse ele ao Newshour, acrescentando que casos semelhantes ao longo dos anos mostram que “o sistema judicial ainda não está funcionando para as vítimas” em todo o país.

Fonte:    bbc.com


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