Planta era considerada uma das maiores do país para abate de animais
A pecuária mato-grossense está sentindo os efeitos causados pelo incêndio que atingiu uma unidade da Friboi (Grupo JBS), no município de Diamantino (180 km de Cuiabá), no último dia 10 de junho. Isso ocorre devido ao fato dessa planta ser considerada uma das maiores no porte de “abate” do país e, em consequência disso, a paralisação de suas atividades causa um forte impacto financeiro no setor.
Segundo Rafael Grings, consultor de hedge agrícola e especialista em commodities, três pontos gerados pela tragédia compõem agora um novo cenário que deverá ser analisado. O primeiro se trata do chamado diferencial de base, que é a diferença entre a cotação da arroba do boi gordo em São Paulo e a cotação nas demais praças pecuárias brasileiras.
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Outro quesito, conforme pontua Grings, se refere à dimensão quanto a escala do número de abate que era realizada na unidade de Diamantino e agora ficou prejudicada. Ponto esse que resulta na terceira implicação, é a que se refere especificamente a necessidade de remanejamento dos animais que eram aportados na planta incendiada para outros pontos de abate em Mato Grosso.
“Devido essa planta ser uma das maiores do Brasil, a capacidade de abate dela era muito grande. Agora, no entanto, com essa ocorrência, ela está fora do mercado, então, será remanejado as escalas de abate para outras praças. E essas praças saem agora do mercado e param de comprar, já que têm comprometido um determinado volume de compra e isso impacta em todo o setor”, ressalta Grings.
Com o incêndio, cerca de 1.400 funcionários foram impactados e precisaram ganhar férias ou serem remanejados para outras unidades do grupo JBS. Além disso, para contornar a situação, a marca anunciou que irá injetar R$ 800 milhões na reestruturação da unidade de Diamantino e a expectativa é de que a obra seja finalizada até o final deste ano.
Com a reconstrução, os postos de trabalho no local devem ser dobrados e, quanto a capacidade de produção, deverá ser triplicada, conforme destaca a JBS. Apesar desses investimentos, no entanto, o cenário não é tão positivo assim para os pecuaristas que dependem desse mercado para venda, uma vez que são pautados pelo fluxo do aumento da oferta.
Isso porque, além das plantas de abate ficarem agora “superlotadas” em todo o estado, algumas podem não estar habilitadas para exportação. “O diferencial de base alargada, uma vez que agora aqui vai ter muita oferta de boi pronto. Com a JBS fora, nesse tempo e até que seja normalizada a situação, o preço aqui acaba desvalorizando, principalmente nas praças mais estratégicas”, finaliza Grings.
Incêndio
A unidade da Friboi em Diamantino foi atingida por um incêndio de grandes proporções no último dia 10. Conforme o Corpo de Bombeiros relatou no momento do acidente, o fogo teria começado no setor de armazenamento de paletes de madeira, caixotes e almoxarifado.
Com a situação, o CEO da JBS no Brasil, Gilberto Xandó, e o presidente da Friboi, Renato Costa, anunciaram medidas de recuperação da unidade. Entre elas, o investimento na criação de novos postos de trabalho. A expectativa é de que ao menos 1400 vagas sejam criadas.
Fonte: reportermt.com