Com elevação de 0,95% no período entre os meses de outubro e novembro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) acumula alta de 10,74%, contando os 12 meses anteriores. O resultado supera o índice registrado em janeiro de 2016, quando a inflação foi de 10,71% – o mais alto registrado durante o governo de Dilma Rousseff. E, mais do que isso, apresenta o maior aumento desde novembro de 2003, quando a inflação atingiu 11,02%.
A alta foi puxada principalmente pelo aumento nos preços dos combustíveis, que subiram mais de 50% no último ano. Outro setor que impulsionou os números foi a energia elétrica. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de mais de 31%.
Ainda que o resultado esteja abaixo do que foi projetado por especialistas do mercado – a variação mensal seria acima de 1%, e a acumulada anual, ainda mais próxima dos 11% -, há uma considerável distância para o teto da meta de inflação estipulada pelo Banco Central para 2021. A projeção é de 3,75% para este ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Gasolina teve aumento de mais de 50% em 12 meses
De um total de nove setores analisados no mês de novembro, sete tiveram alta. Quem lidera são os transportes, com variação de 3,35% e impacto de 0,72 ponto percentual sobre a inflação. Há, neste caso, uma clara influência do aumento de preços dos combustíveis, que lideram os quesitos quando analisa-se o total acumulado dos últimos 12 meses.
Com os resultados de novembro, a gasolina acumula alta de 50,78% nos últimos 12 meses. O etanol subiu 69,40%, e o diesel, 49,56%
Outro setor que influenciou o IPCA em novembro foi o da energia elétrica, que teve inflação de 1,24% em novembro. Com esse resultado, a alta acumulada em 12 meses é de 31,87%. Puxado justamente pela alta na energia elétrica, o setor de habitação teve alta de 1,03%.
Após fortes aumentos em setembro (28,19%) e outubro (33,86%), as passagens aéreas tiveram recuo de 6,12% em novembro. Outros dois setores que também registraram recuo foram os de alimentos e bebidas (-0,04%) e o de saúde e cuidados pessoais (-0,57%).
Alta nos juros e preocupação para 2022
Após a última reunião do ano, nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) bateu o martelo e elevou a taxa Selic em 1,5%, o que significa um índice de 9,25% ao ano, o maior nos juros em pelo menos 20 anos no Brasil. Para 2022, a projeção é de que o indicador termine o ano em no máximo 6%.
A expectativa é de que a taxa atual consiga controlar a inflação para os próximos dois anos – ainda que o efeito desse aumento dos juros demore de dois a três semestres para fazer os primeiros efeitos. Especialistas já afirmaram, no entanto, que a tendência é de que o Brasil não consiga cumprir a meta estabelecida pelo governo para 2022.
Com a alta nos juros e menos investimentos no país, a tendência é de menor crescimento. Devido à inflação e ao consequente menor consumo das famílias, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer menos – ou demonstrar menos sinais de recuperação.
Fonte: dw.com