Lockdown e hospitais lotados durante a pandemia atrasaram tratamentos
Impossibilitados de continuar o ritmo normal de tratamento, devido ao lockdown e hospitais lotados durante a pandemia de covid-19, entre os anos de 2020 ao início de 2023, os pacientes com câncer de mama chegaram aos níveis mais graves da doença.
Estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), publicado no International Journal Public Health (IJPH), mostrou o que os profissionais da saúde já esperavam. Os casos de câncer de mama grave aumentaram 26% no Brasil, nesse período. O Centro-Oeste brasileiro, incluindo Mato Grosso, lidera o ranking entre todas as regiões do país, concentrando o maior volume de pessoas com a doença em estágio mais severo: 21% do total.
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O aumento é referente a tumores nos estágios III e IV, que são aqueles que atingiram mais de cinco centímetros ou que se encontram em metástase. De acordo com o mastologista e ginecologista da clínica Oncolog, Luciano Florisbelo, a pandemia trouxe um retardo, em curto prazo, na sequência de tratamento do câncer de mama, que resultou nesse aumento significativo de índices.
“Muitos deixaram de fazer o tratamento ou acompanhar a doença. E quando falamos de câncer, sabemos que isso é algo muito perigoso, porque o tratamento adequado e precoce salva vidas”, pontuou o especialista.
Outro fator responsável para o aumento do tumor em estágio avançado se trata da redução do número de exames de mamografias realizados durante a crise da covid-19. Dos exames de mulheres acima dos 40 anos, este é a mais indicado. “Com este exame você consegue diminuir a mortalidade em até 30%, isto porque, ao rastrear o tumor logo no início as chances de cura são maiores”, informa Luciano.
Além do Centro-Oeste, as regiões com maior incidência do câncer de mama, conforme o estudo da SBM, são o Norte (17%) e o sudeste e sul, com 11% e 6% dos casos, respectivamente. “Temos duas realidades. Na rede pública o paciente tem demora no atendimento e falta de médicos. No entanto, no privado a pessoa consegue um atendimento mais rápido e a identificação precoce”, relata o mastologista.
Fonte: reportermt.com