O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais uma viagem prevista no primeiro semestre de 2023. O gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, confirmou neste sábado (03/06) que o líder brasileiro visitará Paris nos dias 22 e 23 de junho.
Os líderes se reunirão no âmbito da Cúpula por um Novo Pacto Financeiro Global, que abordará a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, a crise da dívida, o financiamento de tecnologias verdes, a criação de novos impostos internacionais e instrumentos de financiamento. Os dois também devem realizar um encontro bilateral.
A viagem a Paris se inclui numa agenda de Lula com pelo menos dois compromissos internacionais por mês até setembro.
Lula e Macron já se encontraram na cúpula do G7, em Hiroshima, em 20 de maio. Na ocasião, os dois discutiram sobre a cooperação em defesa, a ampliação de intercâmbios no campo cultural e a Guerra na Ucrânia.
Encontro com Raoni
Antes de Lula, Macron receberá neste domingo (04/06) o cacique Raoni Metuktire. Segundo o governo francês, o encontro servirá para Macron “reiterar seu compromisso com o respeito” aos povos indígenas.
“O presidente vai se reunir com o cacique Raoni neste domingo, no Palácio do Eliseu, por ocasião de sua visita a Paris”, informou a Presidência francesa.
“O cacique foi recebido pelo chefe de Estado no Eliseu em maio de 2019, e também foi convidado para a reunião de cúpula do G7 em Biarritz sob presidência francesa, em agosto do mesmo ano”, acrescentou o governo francês.
“O encontro de domingo será uma oportunidade para o presidente reiterar seu compromisso com o respeito aos direitos humanos dos povos indígenas e sua determinação de trabalhar pela preservação dos espaços naturais, principalmente das florestas tropicais, uma vez que eles constituem reservas vitais de carbono e tesouros da biodiversidade.”
Acordo Mercosul-UE
Um tema espinhoso que deve ser abordado no encontro entre Lula e Macron deve ser o acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia.
Na sexta-feira, o governo francês declarou que o país europeu mantém todas as suas condições para poder concluir o acordo de livre-comércio, esfriando assim as esperanças de quem ambiciona fechá-lo ainda este ano, uma vez que, na opinião de suas autoridades, ainda há muito trabalho a fazer antes de completar o texto com suas exigências.
“Há um trabalho muito longo a ser feito com os países do Mercosul”, indicaram nesta sexta-feira fontes diplomáticas francesas diante da aspiração do presidente Lula de concluir em 2023 o acordo que vem sendo negociado há mais de 20 anos.
“Por enquanto, as contas não fecharam”, destacaram as fontes, antes de assumirem que esse assunto espinhoso será abordado durante a visita que o ministro de Comércio Exterior francês, Olivier Becht, começa na segunda-feira no Brasil, embora tenham ressaltado que não vai negociar, uma vez que as discussões por parte da UE são conduzidas pela Comissão Europeia.
A volta de Lula à Presidência “é uma excelente notícia” para a França, mas não alterou as condições que estabelece para a ratificação do acordo UE-Mercosul, reiteraram as fontes.
Estas condições – que não significam uma renegociação das disposições já acordadas em 2019, mas sua complementação – são sobretudo de natureza ambiental, especificamente a integração das regras e objetivos dos Acordos de Paris sobre a mudança climática.
A França, que não está sozinha na UE em sua recusa em ratificar o acordo em seu estado atual, quer que essas regras sejam obrigatórias para os países do Mercosul e que isso seja garantido com um mecanismo de sanções.
Além disso, exige uma série de “cláusulas espelho” para que as exportações do mercado sul-americano em direção à Europa respeitem os padrões sanitários e ambientais do bloco europeu.
Becht será acompanhado na próxima semana em visita ao Brasil e depois ao Chile por uma delegação de cerca de 20 executivos de empresas com grandes interesses nesses países (há grupos como Airbus, Alstom, Dassault, Engie e Eramet) ou que querem abrir novas oportunidades de negócios.
Paralelamente, na segunda-feira, em Paris, a chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, se reunirá com seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira.
Fonte: dw.com