Servidores de UPA relataram sumiços; farmacêutico responsável foi alvo da Operação Fenestra
Servidores da Saúde de Várzea Grande denunciaram que grupo alvo da Operação Fenestra sumiu com caixas do medicamento Clenil, utilizado para tratamento de prevenção de asma, inclusive em crianças.
Foram solicitadas muitas caixas de remédios, as quais no outro dia, ou até mesmo no dia, simplesmente sumiam, sem a devida entrada e baixa no sistema
Documento ao qual a reportagem do MidiaNews teve acesso mostra que o farmacêutico Ednaldo Jesus da Silva, que chegou a ser preso na operação, e uma atendente de farmácia eram os únicos responsáveis pela entrada e saída dos medicamentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Ipase.
Segundo o relato dos funcionários, em certas ocasiões acontecia de pacientes necessitarem do uso de Clenil e o medicamento era solicitado. No entanto, quando os servidores iam procurar, não havia em estoque.
“Foram solicitadas muitas caixas de remédios, as quais no outro dia, ou até mesmo no dia, simplesmente sumiam, sem a devida entrada e baixa no sistema”, contou um atendente de farmácia da unidade do Ipase.
Em um desses casos três caixas de Clenil foram solicitadas e desapareceram do depósito. Ainda segundo eles, o remédio não era utilizado com frequência na UPA, o que tornou a situação ainda mais incomum.
“A respeito da medicação, ao que esta disse que estava no depósito guardado, o declarante informou que não estava, pois já haviam procurado anteriormente sem sucesso, a mesma respondeu que talvez o farmacêutico [Ednaldo] teria pego”, consta no inquérito.
O Clenil é o nome comercial do Dipropionato de Beclometasona, que existe nas apresentações de 50 a até 400 mcg (micrograma) por dose. Uma caixa varia de R$ 35 a R$ 85 no mercado.
O titular da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), delegado Marcello Henrique Maidame, responsável por investigar o caso, concluiu que os relatos corroboraram com a denúncia de desvio de medicamentos.
“Sobre este fato [desaparecimento], não houve apresentação de justificativa para o desaparecimento dos medicamentos, indicando fortes indícios dos desvios praticados”, disse.
Operação Fenestra
A operação foi deflagrada no dia 22 de maio. As investigações iniciaram em abril de 2022 e apontaram o envolvimento de servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande, dentre eles o superintendente, chefes de farmácia, motoristas e auxiliares.
Conforme a apuração da Deccor, os indícios indicam que os medicamentos eram receptados por um empresário que atua no ramo de medicamentos e utilizando “laranjas” para pagar vantagem indevida à agentes públicos, por intermédio de transferências bancárias e compra de veículo, visando a ocultação ilícita dos bens e valores.
Foram alvos: o empresário Fernando Gomes de Almeida Metelo, dono da Disnorma Comercio Atacadista de Medicamentos e Material Medico Hospitalar Ltda; os farmacêuticos Jackson Alves Lopes de Souza e Ednaldo Jesus da Silva, que eram servidores da Saúde de Várzea Grande, e o superintendente de Saúde da cidade, Oswaldo Prado Rocha.
Nas diligências realizadas por agentes da Deccor foi constatado que, no período de pandemia da Covid-19, foi aberta uma janela nos fundos da farmácia da Upa Ipase, supostamente para evitar o contato entre pacientes e servidores.
Entretanto, evidências indicam que foi utilizada para os desvios de medicamentos.
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Fonte: midianews.com.br