O papa Francisco e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski se reuniram neste sábado (13/05), no Vaticano. O encontro marcou a primeira reunião pessoal entre os dois desde o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.
Na reunião, os dois concordaram sobre “a necessidade de continuar com os esforços humanitários para apoiar a população” ucraniana.
O encontro também ocorre após o pontífice revelar que está em curso uma missão para acabar com a guerra na Ucrânia, cujos detalhes não foram divulgados.
Em um comunicado divulgado após a reunião, o Vaticano explicou que a reunião durou cerca de 40 minutos e que “os temas da conversa se referem à situação humanitária e política na Ucrânia provocada pela guerra em curso”.
“O papa tem assegurado suas constantes orações, testemunhadas por seus muitos apelos públicos e contínua invocação ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado”, quando começou a invasão russa que desencadeou o conflito há mais de um ano.
Além disso, “ambos concordaram com a necessidade de continuar os esforços humanitários em apoio à população. O papa enfatizou particularmente a necessidade urgente de ‘gestos de humanidade’ em relação às pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”.
No mesmo dia, o presidente ucraniano também teve reuniões com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente do país, Sergio Mattarella.
No domingo, Zelenski também fará sua primeira visita à Alemanha desde o início da guerra. O programa da viagem ainda não foi divulgado, mas espera-se que o líder ucraniano se reuná com o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e com o presidente do país, Frank-Walter Steinmeier.
A viagem à Alemanha vai ocorrer um dia depois de o país anunciar um novo plano de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 2,7 bilhões de euros (cerca de R$ 14,5 bilhões). que inclui tanques, blindados e sistemas de defesa aérea.
Missão de paz
No Vaticano, o pontífice deu ao mandatário uma obra de bronze representando um ramo de oliveira, símbolo da paz, assim como a Mensagem pela Paz deste ano, o Documento sobre a Fraternidade Humana e o volume “Uma Encíclica sobre a Paz na Ucrânia”.
O presidente ucraniano, por sua vez, presenteou-o com uma obra de arte feita com um colete à prova de balas e uma pintura intitulada “Perda”, sobre o assassinato de crianças durante o conflito.
Foi o primeiro encontro do papa com o mandatário ucraniano desde o início da guerra, embora ambos se conheçam porque Francisco recebeu Zelenski em audiência em 8 de fevereiro de 2020, quando já se discutiu “a situação humanitária e a busca pela paz” no contexto do “conflito que, desde 2014, assola a Ucrânia”.
Este novo encontro ocorreu em meio à missão de paz vaticana anunciada pelo pontífice no voo de volta de sua recente viagem à Hungria e da qual ainda não se conhecem os detalhes, embora uma fonte do Vaticano tenha dito à imprensa russa que o encontro “não está diretamente relacionado” com ela e que Zelenski solicitou o encontro com Francisco “há poucos dias”.
Além disso, ocorre quando se espera uma iminente contraofensiva ucraniana com a qual Kiev deseja reconquistar grande parte do território ocupado por Moscou.
Por tudo isso, a reunião gerou grandes expectativas, diante da possibilidade de se abrir uma espiral de diálogo no conflito.
Ucrânia não precisa de mediadores
Depois do encontro, Zelenski agradeceu a “atenção pessoal do papa à “tragédia de milhões de ucranianos” e que propôs ao Francisco que ele apoie uma proposta ucraniana para a paz. “Além disso, pedi para [o papa] condenar os crimes russos na Ucrânia. Porque não pode haver igualdade entre a vítima e o agressor”, escreveu o líder ucraniano, no Twitter.
Ainda neste sábado, Zelenski, quando questionado sobre um eventual papel do papa numa mediação com a Rússia, disse à televisão italiana RAI que respeita Francisco, mas que a Ucrânia não precisa de mediadores. “Com todo o respeito por Sua Santidade, não precisamos de mediadores, precisamos de uma paz justa”, disse Zelenski numa edição especial do programa Porta a Porta.
“Exortamos o Papa, tal como outros líderes, a trabalhar para uma paz justa, mas primeiro temos de fazer todo o resto”, disse, sublinhando que não faz sentido tentar envolver a Rússia no diálogo, por enquanto. “Não se pode fazer mediação com [Vladimir] Putin. Nenhum país do mundo o pode fazer”, comentou, sobre o presidente russo.
Zelenski também disse que não falou com Putin, e que era necessária uma contraofensiva para expulsar os invasores russos do território ucraniano.
Fonte: dw.com