Em Mato Grosso, o setor da agropecuária ainda é o que concentra trabalhadores resgatados do trabalho análogo à escravidão. No ano passado foram 33 pessoas retiradas da situação degradante. No país foram registrados 207 casos de trabalho análogo à escravidão no meio rural, com 2.615 pessoas envolvidas nas denúncias e 2.218 resgatadas, o maior número dos últimos dez anos. Os dados são do relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre Conflitos no Campo 2022.
O presidente da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) e auditor fiscal do trabalho, Amarildo Borges de Oliveira, explica que de 1995 até 2023 cerca de 6,2 mil trabalhadores foram resgatados no Estado, sendo o terceiro no país com prática de exploração do trabalhador.
Ele conta que de uns três anos para cá, Minas Gerais tem se despontado com resgates de centenas de pessoas em condições de trabalho desumano, se tornando o primeiro do país.
“Em Mato Grosso setor da pecuária, eucalipto e a construção civil houve resgastes, mas de um número pequeno de pessoas, 10, 14 pessoas em uma ação, já em em Minas Gerais tem resgate numero grande de trabalhadores. Não é que reduziram os casos em Mato Grosso, foi em Minas que aumentou. Infelizmente o estado continua com destaque negativo”.
Atualmente Mato Grosso tem 10 empregadores na lista suja do trabalho escravo, sendo 40% vinculado à agropecuária. No Brasil são 291 nomes. “Temos dois nomes da construção civil, uma carvoaria, uma doméstica em Cuiabá que estava em situação análoga a escravidão em uma casa no bairro Dom Aquino. O resgate dela foi em 2021. Tem um caso em garimpo e outro em cerâmica”.
No país, conforme o relatório do CPT, o agronegócio e empresas de monocultivos são os grandes motores da exploração do trabalho, por mais um ano assumiram a liderança como os principais responsáveis por essa gravíssima violação aos direitos humanos.
“Tomando também os casos na pecuária, os números não mentem: é o agro quem mais escraviza no Brasil. Em 2021 não havia sido diferente: 90% das pessoas foram escravizadas em atividades rurais, e 64% em monoculturas”, destacou a assessora da Campanha da CPT, Carolina Motoki.
Fonte: odocumento.com.br