Um indígena yanomami de 36 anos morreu e outros dois ficaram feridos após serem baleados dentro da Terra Indígena Yanomami neste sábado (29/04).
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que o crime foi cometido por “garimpeiros armados”, na comunidade Uxiu.
As três vítimas foram socorridas por volta das 15h30 de sábado. Ilson Xirixana, baleado na cabeça, não resistiu e morreu às 5h33 de domingo. Ele atuava na região como agente indígena de saúde. “Ele teve cinco paradas cardíacas, foi reanimado, mas na madrugada não aguentou e morreu”, disse Hekurari ao portal G1.
Um dos indígenas feridos, de 24 anos, levou dois tiros no abdômen e o outro, de 31 anos, dois tiros no abdômen e dois na perna – ambos foram transportados para um hospital em Boa Vista.
Hekurari disse ter recebido relatos de que alguns dos garimpeiros estavam encapuzados e chegaram à comunidade Uxiu abrindo fogo.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajarara, afirmou no Twitter que solicitou ao Ministério da Justiça reforço para a apuração da Polícia Federal sobre o ocorrido, e que uma comitiva interministerial já estava a caminho de Roraima “para reforçar ainda mais as ações de desintrusão dos criminosos”.
“Mesmo com todos os esforços sendo realizados pelo Gov. Federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território”, escreveu.
Situação humanitária frágil
Embora a emergência na Terra Indígena Yanomami tenha entrado para a agenda do governo federal desde janeiro, a força-tarefa voltada para garantir a segurança, o atendimento à saúde e a distribuição de alimentos ainda é insuficiente.
Desde janeiro, uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Força Nacional de Segurança Pública, atua para acabar com o garimpo no local. Para evitar confrontos, o governo federal estabeleceu o dia 6 de maio como prazo para saída voluntária dos invasores.
As equipes de fiscalização encontram resistência em algumas situações. Em pelo menos duas ocasiões, os agentes foram recebidos a tiros. Em fevereiro, uma base do Ibama foi atacada por criminosos armados na aldeia Palimiú.
No início de abril, líderes locais ouvidos pela DW relataram que faltava apoio da Forças Armadas para o atendimento dos indígenas. Ivo Macuxi, assessor jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR), acusou os militares de lentidão proposital. O Ministério da Defesa respondeu, em nota, que reparos em uma pista de povo na terra indígena já estavam permitindo pousos e decolagens de aeronaves, e que as Forças Armadas estavam envolvidas no reforço às ações de saúde pública e no combate ao garimpo ilegal.
Fonte: dw.com