Donos de creche esfregaram fezes no rosto de crianças como castigo; casal indiciado

Donos de creche esfregaram fezes no rosto de crianças como castigo; casal indiciado
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O casal proprietário de um berçário e hotel infantil em Sorriso (420 km de Cuiabá) foi indiciado pela pelos crimes de tortura e castigo, ameaça, maus-tratos e omissão perante a tortura. O inquérito policial foi concluído e encaminhado nesta segunda-feira (24) ao Poder Judiciário. Ambos seguem presos preventivamente.

A investigação apurou denúncias de maus-tratos, tortura mediante castigo e omissão cometidos pelo casal contra 8 crianças de zero a 5 anos, faixa etária atendida pelo berçário e hotel infantil.

Dois episódios relatados no inquérito chamaram a atenção da Polícia Civil durante a investigação, cometidos contra duas crianças que ficavam no berçário.

Em um deles, a proprietária do local teria esfregado a calcinha e fralda sujas de fezes no rosto das vítimas, a fim de puni-las por defecarem e doutriná-las conforme seu método. Outro relato aponta que uma criança autista foi obrigada pela dona do berçário a comer areia, quando ela forçou um punhado de areia na boca da menor.

Outros relatos apontaram sufocamentos, mordidas, tapas e puxões de orelha conforme narraram as cuidadoras ouvidas na delegacia. Foram diversas sessões de tortura contra um bebê de um ano de idade, que era amarrado pela dona do berçário a um toco, com um cinto, e deixado debaixo do sol por horas, até chorar e adormecer sentado.

De acordo com a delegada Jéssica Assis, do Núcleo de Atendimento à Mulher, Criança e Idoso da Delegacia de Sorriso, os elementos probatórios coletados ao longo da investigação apontam que o casal torturava as crianças de maneira explícita, convicto da impunidade de cometer os atos ilícitos há anos, sem que nenhuma ação fosse tomada.

“Estavam convictos nas manipulações que faziam com os pais das vítimas e seguros de que não seriam descobertos porque a maior parte das crianças sequer conseguia falar, já que eram bebês”, pontua a delegada.

No decorrer do inquérito, a Polícia Civil ouviu nove ex-funcionárias do estabelecimento, que corroboraram as denúncias feitas pelos pais das vítimas e relataram ainda as ameaças feitas pelos donos do berçário.

“Os depoimentos são consistentes e confirmam diversas informações que levam à conclusão de que as violações ocorridas no local eram sistêmicas, contínuas e extremamente graves, a ponto de ter colocado em risco a vida de inúmeras crianças, há, no mínimo, quase quatro anos”, explica a delegada.

Relatos

Outros relatos apontaram sufocamentos, mordidas, tapas e puxões de orelha conforme narraram as cuidadoras ouvidas na delegacia. Foram diversas sessões de tortura contra um bebê de um ano de idade, que era amarrado pela dona do berçário a um toco, com um cinto, e deixado debaixo do sol por horas, até chorar e adormecer sentado.

Em outra situaçãol, uma criança do sexo feminino, de quase dois anos de idade, sofreu violência quando foi imobilizada para que parasse de chorar. A investigada colocou o joelho no peito da criança como tentativa de fazê-la parar de chorar, na presença de várias crianças da creche.

Uma depoente ouvida na delegacia relatou que em uma das situações, a dona do berçário jogou água com uma mangueira no rosto de um bebê.

Vários relatos apontam o uso de mangueira contra as crianças, em situações e períodos distintos. Uma testemunha disse que havia severas restrições ao uso do aparelho celular no local e que nunca contou os fatos a ninguém porque achava que não acreditariam nela sem filmagens ou fotos. As crianças também eram chamadas de ‘porcos, nojentos, sebosos, mortos de fome’, diz um dos depoimentos.

“A dona do local tirava comida da panela e não esfriava para as crianças e bebês passavam o dia todo sem trocar de fralda. Já o dono da creche foi relatado que ele puxava as crianças pelas orelhas e as colocava de castigo, sentadas em um canto”, diz a polícia.

Escuta especializada

Seis crianças que passaram por situações de tortura na creche e berçário foram ouvidos em procedimento de escuta especializada, conforme prevê protocolo estabelecido na Lei 13.431/2017. A escuta é feita por profissional especializado e é aplicada em casos de crianças vítimas e testemunhas de violência.

Quatro delas relataram espontaneamente episódios de violência que presenciaram na creche. Há um vídeo, fornecido por uma mãe, de uma criança que foi ao local uma única vez, para uma festa, e presenciou as crianças sendo agredidas com tapas e chineladas.

Pais ouvidos

A delegada Jéssica Assis também ouviu 17 pais e responsáveis legais por crianças que foram atendidas na creche. Os relatos apresentados junto aos de testemunhas e as escutas especializadas efetuadas, permitiram à Polícia Civil reunir elementos que comprovaram os crimes de torturas e maus-tratos contra oito crianças.

 

 

 

 

Fonte: www.gazetadigital.com.br


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