O avanço da extrema-direita e a precarização da educação são apontados, por especialista, como efeitos potencializares para o avanço da violência contra alunos e professores no país. Em entrevista à Gazeta, Silas Borges Monteiro, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e professor associado do Instituto de Educação da Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), avaliou que soluções simplistas, como militarização ou instalação de câmeras e catracas nas escolas não resolverão a questão e que o Estado precisa de uma estratégia global entre as secretarias de Educação, Saúde e Segurança Pública.
Silas apontou possíveis soluções para o problema que foi capa das manchetes dos veículos de comunicação nos últimos meses, após o aumento de ataques nas escolas. Ele criticou o que chamou de ‘obscurantismo’ que surgiu na última década e se aprofundou na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e alertou que os alunos brasileiros estão perdendo competitividade com outros países como os Estados Unidos, por conta da precarização do ensino.
‘O Brasil precisa retomar o que ele começou nos anos noventa. Ali tivemos um ciclo virtuoso na adoção de uma lógica de abertura a complexidade dos temas.
Do contato com várias culturas e do conhecimento científico. Nos anos 2000 era relativamente fácil um aluno médio, formado em uma escola brasileira, competir com um norte-americano. Então nós tínhamos esse recurso valioso que eram os nossos cientistas e técnicos, isso porque nosso currículo era mais amplo. Contudo isso foi deixado de lado e se agravou nos últimos dez anos’, disse.
O resultado dessas políticas educacionais voltadas ao conservadorismo e o ‘ataque’ aos educadores agravou a situação. ‘Os ideólogos da extremadireita consideram que a maioria dos professores são de esquerda, fazem proselitismo marxista, estão a serviço da implantação do comunismo. Algo extremamente folclórico e desconexo da realidade.
A defesa do chamado ensino doméstico, a chamada home school, do ensino militarizado, visaria, justamente, proteger as crianças e adolescentes da má influência dos professores, dos pedagogos que na cabeça dessas pessoas, é o protótipo do educador comunista’, analisou.
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Fonte: gazetadigital.com.br