Durante a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e governadores na manhã desta terça-feira (18), em Brasília, o governador Mauro Mendes (União Brasil) tratou também do tema segurança pública, ao falar da atuação de facções criminosas no Estado de Mato Grosso.
Segundo Mendes, de acordo com números aos quais ele teve acesso, hoje, em Mato Grosso, o quantitativo de policiais é menor que o de “filiados” de uma única facção criminosa.
“No meu estado, me mostram uma estatística onde diz que todas as minhas forças de segurança tem 15 mil [policiais], uma única facção tem mais de 20 mil filiados cadastrados no meu querido Mato Grosso. Provavelmente, isso é um retrato da violência em todo país”, disse o governador, durante o encontro realizado para tratar de ações integradas sobre segurança nas escolas.
Recentemente, o governador anunciou o chamamento de 980 aprovados no concurso da Segurança Pública, realizado há cerca de um ano. Na segunda-feira (17), foi publicado no Diário Oficial a primeira leva de aprovados – 615 pessoas. Os chamados são classificados do cadastro reserva para cargos de soldado do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar de Mato Grosso.
De acordo com o chefe do Executivo, a violência no Brasil tem origem profunda na desigualdade e se alimenta pelo grande número de processos que tramitam no judiciário brasileiro. Para ele, reagir por impulso é ir na contramão de medidas perenes e mais efetivas.
“Ela [violência] se realimenta por um sistema penitenciário em todo o Brasil que é chamado de ressocialização e que na prática se transformou num sistema de requalificação para o crime”.
Nos últimos anos, a guerra entre facções tem provocado um salto no número de homicídios em todo o estado, principalmente em regiões do interior. Em entrevista recente, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Mendes, negou que essas facções tenham um “poder paralelo” em suas mãos, mas reconheceu que existem localidades onde as organizações criminosas tentam ocupar a função que seria do Estado.
“Eu não acredito que aqui tenha um poder paralelo, existe infelizmente local onde o Estado Democrático de Direito não está presente, onde não tem a prestação de serviços do estado e infelizmente esses grupos tentam adentrar […] consequentemente em alguns bairros periféricos da cidade estas organizações tentam adentrar para oferecer alguns serviços que agradam essa população, e obviamente que o poder público tem que ocupar estes espaços”, disse à época.
Fonte: gazetadigital