Um dos cartunistas mais importantes do país, Paulo Caruso morreu na manhã de sábado (4/3), aos 73 anos, em São Paulo
O velório vai ocorrer a partir das 11h deste domingo (5/3), na Funeral Home, rua São Carlos do Pinhal, na Bela Vista, em São Paulo.
Tanto Paulo quanto seu irmão gêmeo, Chico Caruso, começaram a desenhar logo cedo, aos cinco anos de idade, incentivados pelo avô materno, que era pintor amador.
Paulo Caruso cursou arquitetura na USP, mas nunca exerceu a profissão. Antes mesmo da faculdade, já trabalhava em jornais: Diário Popular, Folha de S.Paulo e Movimento. Nos anos 1970, foi para O Pasquim, junto com Millôr Fernandes, Jaguar e Ziraldo.
Trabalhou ainda por muitos anos na revista IstoÉ, assinando a charge da semana com o título Avenida Brasil. Já foi ilustrador desta revista eletrônica Consultor Jurídico. Também desenhava no programa Roda Viva, da TV Cultura, capturando momentos marcantes das entrevistas em tempo real.
Em artigo publicado na ConJur, o amigo Spacca lembra outro lado do talento de Caruso: o musical. “Charges geravam canções em estilo piano-bar, que mesclava influências de jazz e MPB”, conta.
Pelo Twitter, a colega Laerte lamentou a morte: “Paulo Caruso, querido, morreu. Grande herói do quadrinho brasileiro. Beijo, Paulo”.
Em vídeo, o cartunista Aroeira também se despediu: “Soube agora que meu querido irmão, amigo, colega de palco não está mais aqui. Esse artista monumental não está mais aqui. Mas como diz Eliana Caruso, de tão vivo, ele continua vivo, pelo trabalho, pela obra, por tudo que ele deixa. Eu não sei como lidar com tudo isso. Tchau, Paulo. Um beijo para você”.
Adão Iturrusgarai, em artigo publicado pela Folha, lembra como foi acolhido por Caruso ao se mudar para São Paulo na década de 1990. “Ele gostava de pessoas em volta, bom papo, de preferência regado por um bom vinho e carne”, lembra. “Cumprimentava todo mundo, fazia piadas com sua voz de locutor de rádio e, principalmente, desenhava caricaturas incríveis nos guardanapos.”
O diretor da ConJur, Márcio Chaer, acrescenta que “Caruso era do tempo em que charges e cartoons tinham graça. Crítica também. Mas não eram apenas platitudes rabugentas. Panfletos baratos. O desenho tinha um propósito e uma mensagem válida”.
“O Paulo Caruso amava os Beatles e os Rolling Stones. Tinha 1 metro e 90 de graça. Mais de 90 quilos de simpatia e charme. E não parava de desenhar, nunca. Nas entrevistas do Roda Viva, da TV Cultura, captava o desfile de vaidades dos perguntadores que queriam falar mais que o entrevistado. Com sua voz grave, falava pausadamente. Amava os barzinhos da Vila Madalena, bairro em que morava. Era um cara apaixonado. Sua principal característica externa era a de olhar por cima dos óculos, como o professor Pardal. Paulão era um renascentista. Uma pessoa boa. Uma lástima perdê-lo tão cedo.”
Fonte: conjur.com.br