A notícia não poderia cair em melhor momento para o presidente francês, Emmanuel Macron, que se prepara para lançar oficialmente a candidatura à reeleição. O país registrou uma alta de 7% do PIB em 2021, o maior aumento em 52 anos, conforme o Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee)
A performance ocorre na sequência de um ano recessão de 8%, em 2020, em meio à pandemia de coronavírus. Na visão do ministro da Economia Bruno Le Maire, o desempenho foi “espetacular” e “apaga a crise econômica” gerada no país pela Covid-19.
O Insee ressalta que a economia francesa “agora ultrapassa claramente” o patamar em que estava antes da crise sanitária. O instituto aponta que a retomada supera as previsões iniciais, de expansão de 6,7% do PIB em 2021, e o resultado se anuncia como um dos mais robustos da zona do euro.
“Custe o que custar”
Logo nos primeiros meses da pandemia, o presidente adotou a estratégia de salvar a máquina produtiva “a qualquer custo”, abrindo as torneiras do Estado para manter os trabalhadores em casa e, ao mesmo tempo, impedir falências. Essa ajuda financeira durou mais de um ano e, nas áreas mais abaladas, ainda está em curso.
“Nós devemos esse crescimento aos franceses, aos empreendedores, aos trabalhadores e à nossa política econômica adotada desde 2017”, comemorou Bruno Le Maire, pelo Twitter. O anúncio acontece um dia depois de a equipe de Macron lançar o site avecvous2022.fr (“com vocês 2022”, em tradução livre), que segundo seus colaboradores, será o mote da campanha do atual presidente à reeleição.
O nome do presidente de centro-direita ainda não aparece em nenhum lugar da página. Mas o conteúdo disponível critica os candidatos que já se apresentaram e exalta a atual gestão. Um curto vídeo publicado no site dá voz “aos franceses”, nas imagens de uma jovem enfermeira, um agricultor, uma professora e um portador de deficiência.
A data da candidatura oficial de Macron é mantida em sigilo, a pouco mais de dez semanas do primeiro turno da eleição. Confortável no topo das pesquisas de intenção de voto, o presidente não tem pressa em se lançar na arena da campanha, enquanto três candidatos de direita ou extrema direita disputam quem chegará no segundo turno contra o atual chefe de Estado.
Confortável nas pesquisas
A última sondagem, publicada pelo instituto BVA a pedido da emissora RTL nessa quinta-feira (27), aponta que Macron sairá com 24% dos votos no primeiro turno, à frente da candidata de extrema direita Marine Le Pen (18%) e da conservadora Valérie Pécresse (16%). O polemista de extrema direita Eric Zemmour permanece estagnado em quarto lugar, com 12,5%.
A pesquisa também indicou que 70% dos franceses que votaram em Macron já no primeiro turno nas últimas eleições, em 2017, estão dispostos a fazer a mesma escolha em abril de 2022, e 78% dos eleitores que têm a intenção de reeleger o atual presidente estão “certos da escolha”.
Além do crescimento econômico, vários outros indicadores estão favoráveis na economia francesa, como o nível de emprego, o melhor em mais de 45 anos, a queda recorde do desemprego, de 12,6% no período de um ano, e o retorno dos investimentos das empresas, que superam os valores de antes da Covid e agora são um fator importante para sustentar a retomada.
Por outro lado, os planos de apoio à economia, avaliados em mais de € 60 bilhões, aumentaram o déficit público que chegou a 7% das riquezas nacionais e a dívida do país já se aproxima de 113% do PIB, conforme dados do ministro do Orçamento, Olivier Dussopt. O fechamento deste rombo será um dos desafios da próxima gestão.
Nesta sexta-feira, os candidatos mais bem colocados nas pesquisas preferiram ignorar os números revelados pelo Insee nesta manhã. Já o candidato ecologista Yannick Jadot frisou que “o crescimento está repartido de maneira muito desigual”, ressaltando que “€ 68 bilhões deverão ser distribuídos para acionistas neste ano’.
Na mesma linha, o porta-voz do candidato de esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, Alexis Corbière, questionou “de que crescimento estamos falando”. “Eu ficaria feliz se o país estivesse melhor. Mas o que esses números dizem sobre o emprego e o compartilhamento das riquezas?”, indagou.
Fonte: msn.com