MT: HARMONIA INCLUSIVA: Musicoterapeuta atende gratuitamente crianças autistas carentes

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Marcello Mendonça garante que a música auxilia o desenvolvimento de habilidades na infância

Marcello Mendonça com Damaris Trindade e Diony Dutra, que também são musicoterapeutas no Projeto Harmonia Diferente

A paixão pela música fez com que Marcello Mendonça, de 51 anos, formado em Educação Artística há mais de duas décadas, enxergasse o potencial terapêutico da musicalidade. Com a ideia de ajudar crianças autistas carentes, ele fundou em 2019 o Projeto Harmonia Diferente.

O autista tem dificuldade de interação social e aí entra a musicoterapia

Sua trajetória iniciou em 2015 através de uma parceria com a Igreja Presbiteriana. Marcello ensinava música para os fiéis carentes, mas ainda não era formado em Musicoterapia, que exige quatro anos de graduação.

Quando percebeu que usar a música como terapia era apaixonante, se mudou para o Rio de Janeiro para se formar musicoterapeuta no Conservatório Brasileiro de Música (CBN).

Em 2019, então, o músico retorna formado para Cuiabá e funda o Projeto Harmonia Diferente (PHD), cujo objetivo é atender gratuitamente crianças autistas de baixa renda, usando a música como terapia.

“Trabalhamos com musicoterapia comportamental. O autista tem dificuldade de interação social e aí entra a musicoterapia, onde auxiliamos essas premissas comportamentais. É o contato visual, o apontar, pedir, sentar, trocar, aceitar o outro e todas essas questões”, explica Marcello.

Para que as crianças ingressem, os responsáveis precisam apresentar o diagnóstico de autismo e comprovante de inscrição em algum programa de auxílio social, como o Bolsa Família.

O profissional diz que a musicoterapia é uma terapia complementar. O objetivo do projeto não é diagnosticar, mas sim ofertar mais qualidade de vida às crianças. “Sabemos que o autismo não tem cura. A pessoa vai nascer autista e vai morrer autista. Só que ela pode ter um auxílio nessas questões de qualidade de vida”, destaca.

As sessões duram, em média, cinquenta minutos. Antes de iniciarem, os terapeutas entrevistam os responsáveis de cada paciente para que possam montar um plano terapêutico. A cada dois meses, uma avaliação do desenvolvimento da criança ao longo do tratamento é entregue aos responsáveis.

Para serem tratadas pela musicoterapia, as crianças não precisam saber tocar algum instrumento. Os musicoterapeutas se encarregam dessa função e conduzem a musicalidade a fim de alcançar objetivos específicos.

Na musicoterapia, as crianças não precisam saber tocar algum instrumento

“A resposta da música é muito imediata. Já chegaram crianças em crise aqui. Aí você as leva para o set de música e começa todo aquele aspecto musical. Imediatamente a criança muda o comportamento. Às vezes a criança está berrando para não entrar na sala, mas sai ao contrário, não querendo ir embora”, lembra, bem-humorado.

Marcello explica que aulas de música e musicoterapia não são a mesma coisa e que essa confusão é muito frequente. Enquanto aulas de música pretendem ensinar a tocar algum instrumento, a musicoterapia pretende dar qualidade de vida.

“No Brasil, estamos em uma briga muito séria em cima da regulamentação do musicoterapeuta. Há um tempo, ninguém sabia o que era, agora todo mundo quer ser e tem muita gente que nem tem formação”, Marcello explica.

Ele diz ainda que outros profissionais que usam música durante suas sessões não podem ser intitulados de musicoterapeutas, pois ouvir música recreativamente não é a mesma coisa de ter uma sessão de musicoterapia.

“Quando você coloca uma música para tocar, você não está pensando terapeuticamente. De repente, a música que você colocou pode trazer desespero para a outra pessoa. Já uma música usada terapeuticamente, com um paciente que eu conheço, surte efeito diferente”, conclui.

Apesar de ser um trabalho social, Marcello revela que não recebe incentivo do governo. Todos os feitos do projeto são possibilitados com atendimentos particulares e doações.

O Projeto Harmonia Diferente também trabalha com as mães das crianças autistas. Quinzenalmente, elas se reúnem com os musicoterapeutas para formarem um coral. O objetivo é que as mulheres tenham um momento de relaxamento e descontração que beneficia a saúde mental delas, aliviando o estresse cotidiano.

“Musicoterapia é vida, saúde e esperança. A gente vê muito isso nas mães, porque elas chegam cansadas, já buscaram ajuda em todos os lados. Às vezes, a única coisa que elas têm é esse cuidado com a musicoterapia”, conclui.

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Fonte:  midianews.com.br


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