MT: TRISTE CENÁRIO: Diagnóstico fluvial: lixo, esgoto e tablados ameaçam o Rio Cuiabá

MT:   TRISTE CENÁRIO:   Diagnóstico fluvial: lixo, esgoto e tablados ameaçam o Rio Cuiabá
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Expedição Fluvial constata que o trecho mais ameaçado fica no perímetro urbano, entre Cuiabá e Várzea Grande

Divulgação
Rio Cuiabá resiste ao despejo de esgoto sem tratamento, lixo, operação de dragas e a proliferação de tablados

Considerado um dos principais cursos d’água de abastecimento do Pantanal mato-grossense, o Rio Cuiabá resiste ao despejo de esgoto sem tratamento, lixo, operação de dragas e a proliferação de tablados.

Essas ameaças foram constatadas durante a Expedição Fluvial no Rio Cuiabá, realizada nesta última semana, com o objetivo de diagnosticar as condições do rio, além de observar as águas e margens do principal canal de água que leva o nome da capital de Mato Grosso.

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A comitiva, uma iniciativa do deputado estadual Wilson Santos (PSD), contou com pesquisadores, representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá e da Marinha do Brasil – Capitania Fluvial de Mato Grosso, entre outros.

O grupo percorreu cerca de 700 km, a partir do Rio Manso, passando pela foz do Rio Cuiabá, até o encontro com o Rio São Lourenço.

“Durante a expedição, nós vimos vários rios Cuiabá. Da barragem de Manso até a entrada de Cuiabá, é um rio, com quase 100% da mata ciliar recomposta e poucas dragas atuando e uma qualidade de água boa. Depois, o cenário muda”, disse Wilson Santos.

Segundo ele, o pior trecho fica no perímetro urbano entre Cuiabá e Várzea Grande.

“Quando passa o perímetro urbano de Cuiabá, você vê muito lixo, esgoto à céu aberto, algo que é impressionante. São cachoeiras de esgoto caindo (no rio). Nesse trecho, a qualidade da água é bastante deteriorada. Já quando sai do perímetro urbano de Cuiabá e Várzea Grande, há uma enormidade de tablados”, afirmou.

Já no trecho dos municípios pantaneiros de Santo Antônio de Leverger a Barão de Melgaço (35 km e 113 km, respectivamente, ao Sul de Cuiabá), foram contabilizados 1.000 tablados, uma espécie de balsa usada pelos pescadores amadores e profissionais para pescar. Além disso, em toda a extensão do rio, foram contabilizadas 20 dragas operando, inclusive, na piracema, período de reprodução dos peixes.

Após Barão de Melgaço, o número de tablados diminuiu e o rio, ficando mais volumoso.

Membro do Comitê de Bacia Hidrográfica da Margem Esquerda do Rio Cuiabá e professora aposentada da Universidade Federa de Mato Grosso (UFMT), Eliana Rondon considera muito importante a união de todos os interessados no cuidado do rio.

“Todos os órgãos têm de estar envolvidos para colocar em prática o plano que estamos elaborando no comitê, não só as instituições, mas todos nós consumidores de água. É preciso garantir água em quantidade e qualidade para esta e para futuras gerações”, disse, por ocasião da apresentação dos trabalhos.

Com o fim da expedição, a ideia agora criar um grupo de trabalho com a intenção de unir poderes, instituições e organizações do terceiro setor, com a tarefa de ajudar a salvar o Rio Cuiabá.

Entre as sugestões elaboradas a partir da expedição para solucionar problemas do rio e da população que depende diretamente dele, incluem a retirada de areia que fica represada no Manso, instalação de radares meteorológicos, criação de rede pluviométrica automatizada, investimento em agricultura familiar e mudança no período de defeso, que hoje vai do começo de outubro até o fim de janeiro, para o início de novembro, com término no final de fevereiro.

Para esta última sugestão será apresentada como projeto de lei na Assembleia Legislativa.

O deputado afirmou que pretende realizar uma nova expedição, na época de seca, para que seja feito outro diagnóstico da situação do rio Cuiabá.

REUNIÕES E PCHs – A Expedição Fluvial realizou reuniões em colônias de pescadores, comunidades e órgãos municipais, em Chapada dos Guimarães, Rosário Oeste, Acorizal, Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antônio do Leverger, Barão de Melgaço e Poconé.

Nos encontros, as pessoas presentes, como ribeirinhos e pescadores, de maneira unânime, se mostraram contra a instalação de hidrelétricas no Rio Cuiabá.

Proposta e aprovada na Assembleia Legislativa, a Lei Estadual nº 11.865/2022, que proíbe a construção dessas usinas, é questionada na Justiça.

Segundo Wilson Santos, o Rio Cuiabá não tem vocação para operação de PCHs.

“Nós andamos desde a barragem de Manso, 670 km para baixo, até o encontro das águas do Rio Cuiabá com o São Lourenço, já no coração do Pantanal, e não encontramos nenhuma cachoeira”, destacou.

Fonte:    diariodecuiaba.com.br


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