Programa teve tributo a Erasmo e duetos inéditos, mas sem grandes novidades
A expectativa de muita gente era de um especial tristonho, cabisbaixo. Afinal, Roberto Carlos não vive uma boa fase. Ainda abalado com a morte de seu filho Dudu Braga em 2021, ele perdeu o irmão Lauro em março, deu broncas em fãs que o importunaram em seus shows entre junho e julho, e agora está sob o impacto de um golpe brutal: a morte do parceiro e amigo de uma vida inteira, Erasmo Carlos, em novembro.
Mas o que se viu na tela da Globo nesta sexta (23) em “Como É Grande o Meu Amor por Você” foi um cantor alegre, relaxado, com a voz mais afinada do que nunca. Trajando um terno branco com botões dourados que o deixaram parecido com o capitão de um navio – talvez uma propaganda subliminar do próximo cruzeiro “Emoções em Alto Mar” – Roberto Carlos entregou um especial que divertiu e emocionou na medida certa.
Teria sido impecável se a Globo não caísse na besteira de chamar jovens influenciadores digitais para comentar o programa, na vã tentativa de convencer a molecada de hoje a se interessar por um senhor de 81 anos. Bruna Griphao, John Drops, Patrícia Ramos e Vítor DiCastro até que se esforçaram, mas suas intervenções soaram forçadas e só serviram para esfriar a temperatura.
O primeiro bloco foi o mais longo e animado. Depois da obrigatória “Emoções”, Roberto recebeu no palco a dupla Maiara e Maraisa, que o provocou com simpáticas cantadas e o frisson genuíno de cantar com o maior astro da música brasileira de todos os tempos. Os duetos com Luiz Carlos, vocalista do Raça Negra, também funcionaram bem, trazendo o suingue do samba para alguns clássicos do repertório robertiano.
Já o segundo bloco não foi tão bom assim. Roberto entoou a mais que manjada “Evidências”, que regravou para a trilha de “Travessia”, sob imagens da novela de Gloria Perez, não exatamente um fenômeno de audiência. Na sequência, cantou ao lado de Lucy Alves, a protagonista da trama, e também uma cantora e sanfoneira de talento. Mas o encontro dos dois não foi orgânico: estava mais com a cara da ação de merchandising que de fato era.
No terceiro bloco, um momento aguardado: a homenagem a Erasmo. A canção escolhida, “Amigo”, não poderia ser mais óbvia, mas nenhuma outra seria mais apropriada. Roberto chorou, e o espectador também.
Dali em diante, foi Roberto Carlos “in concert”, sem convidados a dividir os holofotes. Maria Bethânia, que chegou a ser anunciada, não foi, por alegados problemas de agenda. Uma pena, mas Roberto sabe muito bem se segurar sozinho.
Nenhuma novidade na reta final. Até a ordem das músicas é a mesma de sempre: “É Preciso Saber Viver”, “Jesus Cristo”, distribuição de rosas para a plateia. Que, dessa vez, se comportou bem e não levou bronca. Afinal, é Natal, e Natal é tempo de Roberto Carlos.
Fonte: diariodecuiaba.com.br