Um estudo de 2020 do IBGE, por exemplo, identificou que as mulheres representavam 71,9% dos empregos perdidos no primeiro ano da pandemia da covid. Para Janaína Gomes, doutora em direitos humanos pela USP, a feminização da pobreza é um fenômeno.
Estudo divulgado no último dia 8 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirma mais uma tragédia social promovida pelo reinado da necropolítica de Jair Bolsonaro, que felizmente está chegando ao fim. Nos quatro anos do seu desgoverno, a população em situação de rua no Brasil cresceu 38% e chegou em 2022 a 281,4 mil pessoas vegetando em condições subumanas.
O levantamento do Ipea temcomo base os dados informados pelos municípios, pelo Censo Suas, que são preenchidos pelas secretarias de assistência social estaduais e municipais, e pelos números do CadÚnico (Cadastro Único), que serve para registro e acesso a serviços essenciais de assistência. Ele também adiciona ao cálculo um conjunto de taxas de pobreza e de urbanização das cidades. “O instituto diz que é necessário ampliar a busca ativa por pessoas em situação de rua para a inscrição no CadÚnico, porque a estimativa é de que as cadastradas representem 31% do contingente total”, explica reportagem da Folha.
Embora a contagem oficial do segmento seja parte da Política Nacional para a População em Situação de Rua, criada em 2009, os censos demográficos, inclusive o de 2022, ainda consideram a população por domicílios. “Isso implica em prejuízos para a correta avaliação da demanda por políticas públicas por parte desse segmento”, afirma o pesquisador Marco Antônio Carvalho Natalino, autor do estudo. “As estimativas e a publicação do Ipea também não apresentam recorte de gênero, embora seja possível inferir que diferentes grupos de gênero, etnia e situação econômica sejam atingidos de forma diferente”.
A feminização da pobreza
Um estudo de 2020 do IBGE, por exemplo, identificou que as mulheres representavam 71,9% dos empregos perdidos no primeiro ano da pandemia da covid. Para Janaína Gomes, doutora em direitos humanos pela USP, a feminização da pobreza é um fenômeno verificado em vários outros campos de pesquisa e também se aplica ao problema de quem vai parar na rua.
– A questão é estrutural, precisamos de alternativas de saída da rua, para que as pessoas tenham garantias. A alta da pobreza aumentou os despejos e a dificuldade de pagar aluguel, e mais famílias e mulheres têm ido para a situação de rua… Elas vivem precariedades e violências muito particulares, que ainda estamos por entender, porque até recentemente a maior parte da população de rua era de homens – alerta a estudiosa.
fonte: msn