O técnico Abel Ferreira e o elenco do Palmeiras estão adotando muita cautela quando o assunto é o título do Campeonato Brasileiro, seja porque ainda faltam cinco rodadas, seja por respeito ao adversário. O português falou especificamente sobre esse segundo ponto na entrevista coletiva após a vitória por 3 a 0 sobre o Avaí, na noite deste sábado, no Allianz Parque.
“Eu respeito sempre os nossos adversários e é isso que nós temos que continuar a fazer, como fizemos hoje. Jogar cada jogo de forma séria e continuar com a consistência do nosso trabalho. Com calma, confiança, muito trabalho. Nota-se essa ansiedade na equipe, uma pressa de querer resolver rapidamente o jogo, mas o importante é chegar ao final do jogo com um bom jogo, bem-feito”, iniciou o treinador, que foi mais duro em outro momento, ao falar sobre o peso da imprensa na questão:
“Quem fala isso são vocês (imprensa), são legítimas as perguntas que vocês fazem, mas eu, pessoalmente, não gosto, isso para mim é uma falta de respeito para quem vem atrás, mas isso é minha opinião, porque não devemos desvalorizar nosso adversário. É uma reflexão que temos que fazer e temos que continuar a fazer o nosso caminho, jogo a jogo. Digo aos meus jogadores para não ouvir as perguntas de vocês, não ir atrás das suas cantigas e continuarem a focar no que fazem diariamente, porque é isso que eles controlam e eu controlo”, complementou.
O treinador também avaliou o jogo, que deixou o Verdão 11 pontos à frente do segundo colocado, o Internacional, que ainda joga na rodada.
“A experiência me diz que, dentro de cada jogo, há vários momentos, há vários jogos dentro do mesmo jogo. Entramos fortes, conseguimos fazer um gol, a seguir o nosso adversário reage, o gol é um fator que provoca reação, seja na equipe que está ganhando ou na que está perdendo. Deixamos de manter nossos momentos de pressão e, às vezes, ao fazer gol muito cedo, acontece isso, já fizemos e agora vamos tentar controlar, é quase inconsciente ao jogador. A verdade é que fomos em busca do segundo, não conseguimos, mas conseguimos depois na segunda parte”, falou.
“Dentro de um jogo há vários jogos, e quando temos o nosso momento do jogo, temos que apanhar e apanhamos na segunda parte, porque fizemos dois e podíamos ter feito muito mais, fizemos transições e o resultado deveria ter sido outro pelo volume criado. Resumidamente, o jogo tem vários momentos e nós temos que entendê-los, e o nosso adversário tem sempre a esperança de conseguir vir aqui e poder fazer qualquer coisa. Mas acho que nossa equipe foi bem e eliminou isso”, finalizou.
Com o resultado, o Alviverde chegou aos 71 pontos em 33 jogos disputados, a 11 do segundo colocado Internacional, que joga neste domingo contra o Coritiba, às 18h (de Brasília).
A próxima “final” do Verdão será já na terça-feira, diante do Athletico-PR, na Arena da Baixada, às 21h45 (de Brasília), pela 34ª rodada. Será o reencontro das equipes após a disputa das semifinais da Libertadores, quando o time de Abel Ferreira acabou eliminado.
Veja outros trechos da coletiva de Abel Ferreira:
Mais avaliação do jogo
“Pena o resultado não ter sido mais volumoso, porque entramos bem no jogo, fizemos um gol no nosso primeiro momento de pressão. Depois, o nosso adversário arriscou mais um pouco e, na primeira metade do jogo, perdemos um pouco o controle nos momentos de pressão, mas vitória justa. É um jogo de cada vez e não vou fugir disso, porque o que nós queremos porque os que vêm atrás também querem. Temos que continuar a fazer o nosso”.
Vanderlan e laterais avançados
“A mensagem que eu passei para ele foi muito clara: sem bola, defender o lateral deles e, com bola, tinha que aparecer na área, como centroavante, e, para isso, tem que correr. Muitas vezes, pontas quando estão muito abertos, sobretudo pontas do lado contrário à bola no último terço, têm que fazer pique do gol, ser mais um centroavante. Foi isso que ele fez. Ele não é um ponta, a verdade é que nós tivemos alguns problemas nos pontos, mas não há problemas, jogam os laterais, o importante é que a equipe mantenha a consistência. A função dos pontas é marcar gols e assistir, isso que peço aos meus pontas e, sem bola, ajudar os laterais a defender. É esse compromisso que tem que existir, porque futebol é coletivo, é sempre muito mais fácil. Mas não peço nada de especial a eles. Vanderlan tem uma qualidade de cruzamento boa, chegada à área também boa, porque tem muita intensidade e temos sorte por ser nosso jogador”.
Brasileirão competitivo
“Basta vocês verem os resultados de rodada a rodada, perceberem quantas equipes investem para poder competir e olharem para os primeiros quatro e cinco e verem que está tudo muito junto. Na Itália, tem um ou dois que lutam pelo título. Em Portugal, dois ou três, na França tem um, na Inglaterra tem três, na Espanha tem dois ou três. E, aqui, são seis ou sete que lutam pelo título. E ainda tem os da Série B, que, quando subirem, serão candidatos também, falo do Grêmio, Cruzeiro e Vasco. A história diz isso, são clubes com muita história, e por isso é muito difícil triunfar nesta competição, porque é preciso estar muito focado, ser mentalmente muito forte, porque há um desgaste muito forte em termos de viagens que se fazem, pouco tempo de recuperação, alguns gramados em más condições. Isso posto, é interferência no que é o jogo, mas, sem dúvida nenhuma, se não é o mais, é um dos mais competitivos do mundo”.
Equilíbrio entre experientes e jovens
“É muito importante. Acho que vocês já entenderam que a nossa equipe, esse elenco, senta nesta estrutura de jogadores mais velhos e que passam essa mística, como o Dudu. Fiquei muito feliz que ele pôde fazer o gol hoje, também para ele recuperar a confiança dele, porque sabemos que ele tem muito para nos dar. Do lado oposto, jovens que nós temos, que treinam todos os dias com os jogadores experientes, como Weverton, Gómez, Luan, Zé (Rafael), o próprio Rony, e os jogadores entendem que, para estar neste grupo e neste clube, não basta só ser bom jogador, não basta. Temos que estar comprometidos com a equipe e ninguém está acima dos interesses da equipe, jogando por um bem comum, noventa minutos ou três minutos ou não jogando. É importante ter esses jogadores, que sabem o que significa esse escudo e esse clube”.
Procura por goleiros
“O Palmeiras tem três goleiros tops, não procura por goleiro nenhum. Quem diz isso é mentira, mas poderia falar em outras posições e desde já digo: se contratarmos, será um ou dois jogadores, não mais, e se contratarmos. Vamos valorizar todo o trabalho que é feito, vamos fazer muito poucas mexidas, porque acreditamos todo o trabalho que é feito”.
Fonte: www.gazetaesportiva.com