Um quem-disse-me-disse tem sido o foco das discussões nesta segunda-feira (6), após o presidente Jair Bolsonaro afirmar ao site Poder360, neste domingo, que “a Petrobras começa nesta semana a anunciar redução no preço do combustível” — sem citar números ou estratégias para isso ocorrer.
Hoje, no entanto, a Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou um comunicado afirmando que a mudança no valor da gasolina e do diesel não está prevista e que “qualquer alteração será avisada ao mercado”.
As afirmações parecem ter mexido com o mercado, trazendo à tona discussões sobre se o acontecimento apresenta ou não uma declaração de independência da veterana petroleira em relação ao governo.
A opinião de Viriato não é compartilhada pelo professor de economia da FEA-USP, Paulo Feldmann, que entende a Petrobras como uma empresa “quase-independente”. “Não se pode dizer que ela é completamente independente do governo, mas, como uma empresa de capital aberto, ela precisa levar em conta o acionista minoritário, então ela não pode fazer o que o acionista majoritário — ou seja, o governo — quer”, explica.
De acordo com Feldmann, “os acionistas menores querem que a Petrobras seja uma empresa rentável” e “estão pouco preocupados” com a atuação social da companhia. “A questão é essa: boa parte da inflação é causada pela gasolina e, se a Petrobras abaixasse o combustível, ela teria prejuízo, apesar de melhorar a inflação, e isso é muito ruim para os negócios”, diz.
Mesmo no próximo governo, para o economista, a independência da petrolífera não deve ser ameaçada pelo fato de a empresa ser “uma instituição bastante forte”.
“Nenhum governante vai querer mexer na Petrobras, porque ela é muito forte e quem tentou fazer isso no passado não conseguiu. Outra coisa importante é que a Petrobras tem ações em bolsas de outros países, inclusive em Nova York, então ela precisa seguir as recomendações dos mercados internacionais”, afirma.
Papéis em alta
As ações da Petrobras passaram o dia em alta. Por volta das 18h, os papéis preferenciais subiam 0,63%, sendo negociados a R$ 28,94. Já as ações ordinárias avançavam 0,93%, para R$ 30,35. Mas, para Viriato, mais do que uma reação às falas de Bolsonaro e da Petrobras, a alta nos ativos acontece por conta de uma queda geral no preço do petróleo.