Por mais que o placar tenha sido 3 a 0, a vitória do Corinthians sobre o Fluminense, na noite desta quinta-feira, não foi nada fácil. Do ponto de vista do técnico Vítor Pereira, antes de mais nada é preciso enaltecer o trabalho do técnico Fernando Diniz.
“Eu queria, antes de começar a falar da equipe, elogiar o trabalho do Diniz. Já disse pessoalmente, que nunca tinha visto uma forma de jogar tão particular, com qualidade, independente do resultado. Uma equipe muito bem trabalhada, que gosta do bom futebol, elogiar o trabalho deles, dos jogadores, do treinador, porque, de fato, tem a minha admiração, a forma que eles jogam é muito bonita de se ver, exige níveis de concentração altíssimos, muita motivação, que no caso tivemos da nossa torcida, merece todos os elogios possíveis – e não vou elogiar muito, senão sou criticado também. Mas muito obrigado”, iniciou o técnico em coletiva de imprensa após a classificação para a final da Copa do Brasil.
Ele analisou brevemente o confronto e também falou sobre a sensação de ir para uma final com poucos meses de trabalho no clube.
“Jogo difícil. É hora de elogiar meus jogadores, foram sensacionais. Entenderam muito bem o que é enfrentar um adversário muito difícil, que precisávamos estar muito compactos e aproveitar as oportunidades. Eles fizeram isso tudo, entenderam bem o adversário, fizeram um jogo muito consistente e mereceram passar à final”, iniciou sobre o tema.
“Eu já tenho muitas finais, muitas mesmo na minha carreira, mas aqui é especial, porque não é fácil chegar ao Brasil sem pré-temporada, chegar ao clube em andamento, Paulistão com clássicos e mais clássicos, sem tempo para trabalhar, tentando sobreviver a uma enormidade de lesões. Mas hoje começo a sentir que a equipe está jogando como eu quero, passados alguns meses. A equipe morde, é agressiva, está mais ligada… Quando eu vim para o Brasil, vim com essa ideia. Eu disse que, com um pouco mais de tempo e retorno dos lesionados, o nível do futebol ia melhorar. E, pronto, é o que está acontecendo, por mérito dos jogadores e pelo tempo de trabalho”, complementou.
Até a final ainda há tempo. O Timão entra em campo novamente já no domingo, às 18h (de Brasília), para enfrentar o América-MG, no Independência, pela 27ª rodada do Brasileirão.
Veja outros trechos da coletiva de Vítor Pereira:
Renovação do contrato
“Pelo respeito que tenho à torcida e ao clube, tenho que antecipar, tenho que definir a minha vida e isso vai acontecer, com certeza. Tem que ter uma conversa com o presidente, com a família, perceber… Hoje, se perdêssemos… Futebol não é… Teriam críticas. Futebol é assim, vou tentar encontrar o timing certo, mas vou antecipar, em respeito ao clube”.
Flamengo – finais
“Antes do Flamengo vamos ter tanto jogo pela frente. Temos a intenção de ganhar os jogos. Cada adversário tem suas características. O Flamengo é uma equipe diferente. Espero ter alguns dias para preparar o jogo (da final), porque tudo se torna mais claro, mais simples de passar a ideia, de mostrar claramente aquilo que é o adversário. Essa é a grande dificuldade de trabalhar no Brasil. Passamos no treino, não no ao vivo. Sou um treinador de treino, de campo. Espero ter um pouco de treino para esse jogo (da final), os dois jogos”.
Fluminense
“Há momentos que eles nos colocaram em dificuldade, é uma equipe com um trabalho sensacional do Diniz, uma forma de jogar que, se não for entendida, cria-se muitos problemas. É um jogo diferente do que fizemos lá na casa deles, porque lá não conseguimos trabalhar e pressionar da mesma forma, dessa vez sim, para termos mais bola e para sermos mais decisivos em termos de ataque, foi o que aconteceu, correu bem. Estou feliz, pela torcida, pelo grupo, presidente, a todos que nos apoiam, pelos jogadores, porque merecem muito essa final. Agora, como costumamos dizer no futebol, as finais não jogamos, ganhamos. Acreditar que é possível”.
Análise dos jogos contra o Flamengo
“Eu acredito que o tempo e a possibilidade de estabilizar mais uma equipe. Não sou um treinador de ficar mudando, só quando sinto que é preciso. Quando temos tempo para estabilizar e quando os lesionados voltam e estão disponíveis, o nível de jogo se eleva. Contra o Flamengo, jogamos mal? O Flamengo fez um gol no momento em que estávamos pressionando o jogo, ameaçando, eles acabam por fazer o gol com base naquilo que eles têm de melhor, quando o jogo se parte, os jogadores têm muita qualidade e, no mínimo erro, fazem gol. Para mim, fizemos um belíssimo jogo até a expulsão lá. Aqui, uma primeira parte equilibradíssima, para mim, em que um erro foi penalizado com o gol. Na segunda parte, entramos bem, mas levamos o segundo gol e, aí sim, quebramos, quebramos em termos de estar organizada para pressionar, eles encontraram espaços. Vamos discutir (o Flamengo) para a final. Vai ser uma final dura para nós e dura para eles”.
Elenco
“Eu não sou um treinador que tenho fixado em mudar sistematicamente a equipe. Eu não vim de outro mundo. Se eu não estabilizo a equipe, é porque não tem como, porque os jogadores fundamentais não conseguem dar a resposta em um tempo curto de tempo, já expliquei muitas vezes. Esse período de tempo nos permitiu isso”.
Finalizações
“O que nós estamos conseguindo neste momento é criar muitas situações de finalização. Naturalmente, errar é humano, às vezes não decidimos da melhor forma, mas, contra o São Paulo, podíamos ter saído de lá com uma vitória, porque tivemos várias situações. Hoje mandamos muitas bolas. Trabalhamos finalização pelo menos duas vezes por semana especificamente, trabalhamos muito isso. A questão da finalização é do momento da equipe, da confiança. Quando está mais ansioso, as coisas não acontecem. Acredito, sinceramente, que daqui até a final vamos estar bem, vamos competir, melhorar alguns pontos e vamos conseguir aquilo que a nossa torcida espera há muito tempo. O que mais quero é dar essa alegria para a nossa torcida”.
Favorito para a final?
“Pelo orçamento, é o Flamengo, né? Pela quantidade de jogadores, que já ganharam títulos, acredito que não há dúvida nenhuma que eles estão em vantagem, mas o futebol é futebol. Não quero fazer promessas, mas que vamos competir, vamos. Não sei se ganhamos, mas vamos competir”.
Yuri Alberto
“O Yuri, ele que me desculpe, é um animal, ele que me desculpe (a palavra). É um animal. Temos ali três ou quatro que são animais, correm quilômetros e quilômetros. No final do jogo, saem e voltam, correm. É um animal, ele desgasta completamente os zagueiros adversários, já tinha feito contra o São Paulo e hoje de novo também. Vai uma, duas, três, e no fim continua a ir. Outro aspecto que gosto muito nele é o coletivo. Falta até nele um pouco aquilo do atacante, que só quer fazer gol. Quando ele veio, não estava ligado com ninguém, naturalmente as conexões precisam de tempo. Ele, agora, está muito mais onde nós pretendemos, os outros jogadores também estão à espera dele. É fundamental para nós”.
Estratégia contra o Flamengo
“Se vocês me derem tempo para pensar… Agora preciso descansar, pensar no América, que é outro quebra-cabeças. Eu pensei que o Brasil fosse mais fácil, Campeonato Brasileiro é difícil, equipes muito diferentes, problemas diferentes”.
Neo Química Arena
“Todo lugar que andei, nunca tive muito isso de jogar dentro ou fora de casa, sempre tinha que ir para cima e pronto. Mas, aqui no Brasil, faz a diferença, porque não sei, é uma energia que não consigo explicar, mas, de fato, quando vejo Fábio Santos dar carrinhos, Fagner, Gil e Balbuena indo para frente… Parece que contagia. O fator casa aqui na Arena faz sentir… Quando fomos ao Fluminense, Flamengo, Palmeiras… Sente a diferença. Já corri meio mundo e não senti a diferença, aqui sim, essa energia, essa força da natureza que vem de fora para dentro parece que nos transforma”.
Evolução de estilo de jogo
“Esse é o jogo que sempre gostei, agressivo defensivo e ofensivo, que não dá ao adversário aquilo que ele quer, que propõe algo diferente. Não gosto de colocar o adversário confortável no seu jogo. Só agora conseguimos, acho que nos últimos jogos. Aquela derrota contra o Palmeiras foi uma injustiça tremenda, um jogo que poderia mudar alguma coisa, poderia dar aquele input de motivação, e sofremos gol quando fomos nós pressionando, nós deixando desconfortáveis. Já é uma série de jogos que a equipe está em transformação, que está saindo daquele jogo mais atrás para um jogo mais agressivo, é isso que sinto, vai criando mais situações de gol, ser mais pressionantes, com mais profundidade, como fomos hoje”.
Renato Augusto
“Eu já encarei muitas vezes na China. Se ele tiver bem fisicamente, sem problemas, faz a diferença. Um Renato, um Ganso, um Oscar, são aqueles jogadores, com as mesmas características, numa fração de segundos põem na cara do gol, arriscam e fazem gol. Quisera eu que ele estivesse sempre sem problemas físicos e pudesse sempre ajudar a equipe”.
Planejamento
“Em todos os clubes que passei, quando fico ou quando saio, falo aquilo que acho que vai bem, vai mal, precisa ser melhorado, que precisa pensar no futuro para ficar mais forte, no sentido de estruturar a próxima temporada, faço isso independentemente de ficar ou não”.
Fábio Santos
“O Fábio não é aquele jogador que pode jogar de três em três dias. Agora, o Fábio fresco nos dá o que deu hoje no jogo. Eu não sei quantas bolas ele ganhou, no ar, no chão. Não podemos esquecer essa coisa entre os mais experientes e mais jovens, todos fazem parte do Corinthians. O Piton, para mim, tem um futuro brilhante. Se puder, levo na Europa, se puder pagar, levo comigo. Ele tem uma qualidade que muita gente ainda não percebeu. Para mim vai ser jogador de equipe alta na Europa. Temos o Piton e temos o Fábio, ele nos dá experiência, qualidade quando está bem. Para mim ele está fazendo uma temporada muito importante, enorme, porque consegue jogar em nível muito alto. Do ponto de vista defensivo, dá-nos uma grande experiência, timing, ajuda, ele consegue unir todo mundo nos momentos mais difíceis, é esse jogador. É, para mim, necessário e importantíssimo para um grupo. Ele quer o melhor para o grupo e para o clube. O que sinto aqui no clube é essa união. No início do jogo, começamos a ver que o tempo estava acabando, que precisávamos ir para dentro, mas estavam se abraçando, todo mundo, esse espírito não é fácil. Eu já treinei muitos grupos de trabalho, mas esse é fortalecido, muito unido. Por isso tenho esperança que algo de bom surja”.
Fonte: www.gazetaesportiva.com