A candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, em sabatina no Jornal Nacional nesta sexta-feira (27/08), atribuiu à polarização a falta de apoio dentro de seu partido, e tentou se afastar das manchas deixadas pelo envolvimento de membros da legenda em escândalos de corrupção nos últimos anos.
Ela prometeu aumentar a representatividade das mulheres na política, e disse que seu primeiro projeto a ser enviado para o Congresso será a equiparação salarial entre mulheres e homens.
A chapa de Tebet inclui também PSDB, Cidadania e Podemos, e representa o esforço de partidos de centro-direita de tentarem emplacar um nome na chamada “terceira via”, após a desistência de outros postulantes desse campo, como o ex-governador paulista João Doria (PSDB).
Seu programa de governo combina uma perspectiva liberal na economia a propostas para reduzir a pobreza e proteger a primeira infância e o meio ambiente.
Ela tem apenas 2% de intenções de voto segundo a última pesquisa Datafolha, que a coloca no quarto lugar na disputa, e sua candidatura foi rifada por alguns líderes do seu próprio partido, que optaram por apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno.
Antes de ser senadora, foi prefeita de Três Corações e vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Ela é filha do ex-governador do Mato Grosso do Sul e ex-presidente do Senado Ramez Tebet, morto em 2006.
Polarização e falta de apoio
Para Tebet, a polarização entre as candidaturas de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) é a principal causa da falta de apoio dentro de seu próprio partido, e fez com que muitos dos seus correligionários fossem cooptados por outras candidaturas.
O entrevistador William Bonner lembrou que Líderes do MDB declararam apoio a outros candidatos em 9 estados e no Distrito Federal. A candidata respondeu afirmando que a polarização política e ideológica estaria “levando o país para o abismo”, mas disse que muitos prefeitos nesses estados a apoiam.
Ela disse que muitos tentaram “puxar seu tapete”; tentaram levar o partido para o lado de Lula e chegaram a judicializar sua candidatura, mas assegurou que o MDB não é mais uma legenda fisiológica.
MDB e corrupção
Ao se perguntada sobre o fato de membros de seu partido terem se envolvido em escândalos de corrupção, como no chamado “petrolão”, ela disse que “o MDB é maior do que meia dúzia de caciques”.
Ela ressaltou que o MDB não seria a única legenda ter esse problema, mencionando o Partido Liberal, ao qual pertence o atual presidente da República.
Tebet assegurou que não vai blindar ou impedir a ação dos órgãos de fiscalização sobre seu governo, e que visa garantir a autonomia do Ministério Público, da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Polícia Federal e outros órgãos de fiscalização.
Candidatura feminina
Ela ressaltou que o fato de ser mulher fará com que governe o país de maneira diferente. “A presidente que vai estar governando o Brasil não é a senadora, não é a deputada, que foi prefeita. É a alma da mulher e coração de mãe”.
A candidata rejeitou a crença de que mulheres não votam em mulheres. “A mulher vota em mulher, se souber que tem uma mulher competitiva, corajosa, que trabalha”.
A falta de representatividade das mulheres na política não é um problema exclusivo do MDB, disse a candidata, afirmado que os partidos em geral só cumprem a cota de candidatas mulheres e às vezes utilizam candidatas “laranjas”.
Ela citou seu currículo de lutas pelos dinheiros das mulheres e disse que vai propor ao Congresso a equiparação salarial entre mulheres e homens, além de fazer valer uma cota de 30% de mulheres nas executivas dos partidos.
Tebet assegurou que, se eleita, promoverá uma divisão igualitária dos Ministérios entre mulheres e homens
Transferência permanente de renda
A emedebista propôs um programa de transferência permanente de renda no valor de 600 reais mensais, mas admitiu que isso só vai ser alcançado se o governo furar o teto dos gastos em 60 bilhões de reais.
Ela, porém disse que 600 reais ajudam na alimentação, mas não pagam o aluguel.
A candidata defendeu uma taxa de lucros e dividendos a ser cobrada dos mais ricos para tirar o peso sobre os mais pobres, além de aumentar o número de isentos para alcançar o máximo possível a classe média.
Entre outros objetivos citados pela candidata estão a erradicação da miséria, diminuição da pobreza e acabar com a fome. A candidata ressaltou que o Brasil alimenta o planeta, mas é incapaz de fazer o mesmo por sua população.
Trabalho informal
Simone Tebet propõs a criação de um seguro de renda para os trabalhadores informais, que funcionaria de modo semelhante ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
O plano, que incluiria os informais que estão no Auxílio Brasil, prevê a transferência de 15% de seus rendimentos para um fundo, ao qual os trabalhadores poderão recorrer duas vezes por ano.
Fonte: dw.com