O Brasil conseguiu recuperar o fóssil do primeiro dinossauro com penas descoberto no hemisfério Sul. A espécie, chamada de Ubirajara jubatus, viveu no Cariri cearense séculos atrás e estava exposta, ilegalmente, em um museu da Alemanha há 17 anos.
De acordo com reportagem do UOL, a peça deixou o Brasil de forma ilegal há 27 anos. A volta ao seu país de origem só irá acontecer graças a uma campanha realizada por cientistas brasileiros que ergueram a hashtag #UbirajaraBelongstoBR para a reaquisição da relíquia paleontológica.
“Temos uma postura clara: se houver objetos em nossas coleções de museus que foram adquiridos sob condições legal ou eticamente inaceitáveis, a devolução será considerada”, disse a ministra da Ciência, Theresia Bauer, ao UOL.
O Conselho de Ministros de Baden-Württemberg, da Alemanha, aprovou o pedido no último dia 19 e reconheceu que a exportação e a aquisição foram irregulares. Segundo a paleontóloga e professora Aline Ghilardi, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), e criadora da campanha no Twitter, casos de tráfico de fósseis são muito discutidos, mas esse foi o que mais chamou sua atenção.
“Foi uma descoberta fascinante. Mas a data informada da retirada desse fóssil do Brasil, 1995, me chamou muito a atenção e também me entristeceu”, disse.
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De acordo com a especialista, a data de exportação chamou atenção porque se ela estivesse correta faria com que o país deixasse de ter a primeira confirmação da existência de dinossauros não avianos com penas do mundo — a primeira publicação desse tipo ocorreu apenas em 1996, com um fóssil da China.
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“Ou seja, o nosso dinossauro poderia ter sido o primeiro do mundo a ser descrito com essa característica, e ele é de uma região reconhecidamente rica em fósseis. Isso me chateou para caramba”, explicou a paleontóloga, acrescentando que o caso se tornou público devido o “ativismo digital e ganhou força graças a colegas com público gigantesco que apoiaram. Assim, a campanha explodiu.”
Quando o fóssil chega ao Brasil?
Conforme reportagem, ainda não se sabe quando a peça desembarca no Brasil, isso porque ainda não está definido em qual instituição ela será alocada.
“Tínhamos acordado que esse fóssil deveria ir ao Geoparque, que é o local onde ele foi descoberto e onde há um museu de paleontologia que reúne todas as condições para cuidar bem dele”, disse Juan Cisneros, da UFPI (Universidade Federal do Piauí), se referindo ao Geoparque Araripe (CE).
Para ele, a movimentação traz não apenas o benefício de ter o fóssil em seu país de origem, mas facilita a repatriação de outras relíquias perdidas. “A Bélgica repatriou um pterossauro nosso no início do ano, e os EUA repatriaram 36 aranhas fósseis no final do ano passado”, finalizou em tom de comemoração.
Fonte: olhardigital.com.br