Um dos slogans explorados no evento será “Pelo Bem do Brasil”, mesmo nome da coligação da chapa
A convenção do PL para oficializar o presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição está sendo preparada como uma mistura de Copa do Mundo, com as cores verde e amarelo e comício conservador, com destaque às mulheres, à família e à liberdade. O evento será domingo (24), no Rio de Janeiro.
A cerimônia, que deve durar algumas horas, contará ainda com apresentação de dupla sertaneja e cabines para que jovens gravem vídeos de TikTok.
Um dos slogans explorados no evento será “Pelo Bem do Brasil”, mesmo nome da coligação da chapa de Bolsonaro. A frase tem como mote a tese de “luta do bem contra o mal”, que o mandatário tenta imprimir à eleição deste ano.
Ela passou a ser usada no encontro nacional do partido, em março. “Não é luta da esquerda contra a direita, é do bem contra o mal”, disse na ocasião.
Na cerimônia de domingo, estarão no palco candidatos cariocas, dirigentes do partido, como Valdemar Costa Neto, e todo o clã Bolsonaro. O general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, também estará no palanque.
O presidente será o único a discursar, a princípio, e o texto ainda não está fechado. Segundo interlocutores, a intenção é que ele fale sobre liberdade e princípios tidos como conservadores.
Bolsonaro foi aconselhado a destacar o que seu governo fez pelas mulheres e evitar atacar urnas eletrônicas, como o fez nesta semana a embaixadores. Mas como ele atua de improviso, é impossível prever o que dirá no dia, de acordo com aliados.
Uma parte do seu entorno fica apreensiva quando o presidente atua no improviso, outra atribui sua popularidade à sua espontaneidade.
A primeira-dama, Michelle, considerada peça-chave pela campanha, foi convidada a discursar, mas ainda não confirmou se o fará, segundo relatos.
Evangélica e carismática, ela é vista como um bom cabo eleitoral do mandatário entre as mulheres, fatia do eleitorado em que ele mais precisa melhorar seu desempenho. Pesquisa do Datafolha de junho mostra que 61% deste segmento rejeita o presidente.
Todos os convidados foram instruídos a levarem seus cônjuges, suas famílias. A campanha quer dar destaque especial às mulheres no palco.
Outro eleitorado em que Bolsonaro precisa melhorar são os jovens, hoje mais propensos a votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A rejeição do mandatário entre esses eleitores é de 60%. Entre estudantes, 60%.
Assim, a campanha organizou cabines de TikTok pelo estádio do Maracanãzinho. Apoiadores poderão gravar vídeos curtos para a rede social com intuito de impulsionar o evento.
O jornal Folha de S.Paulo mostrou, no final de abril, que vídeos vinculados a Bolsonaro tinham audiência no TikTok 13 vezes superior aos conteúdos relacionados ao petista, segundo uma pesquisa de doutorado.
A rede social é ocupada, predominantemente, pelo público jovem. O levantamento mostrava que, somando as dez principais hashtags ligadas aos adversários eleitorais, os vídeos de Bolsonaro representaram 92% das visualizações contra 8% de Lula -em números totais, é o equivalente a 10,06 bilhões versus 778 milhões.
A expectativa de aliados do presidente é de lotação total do estádio, cerca de 11 mil pessoas. A movimentação de opositores de esgotar os ingressos e esvaziar o evento levou a campanha a fazer um pente fino e cancelar inscrições.
Segundo interlocutores, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) será acionado para apurar o episódio.