Judiciário lança projeto em Barra do Bugres para conscientização de autores de Violência Doméstica

Judiciário lança projeto em Barra do Bugres para conscientização de autores de Violência Doméstica
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Quebrar o ciclo da violência por meio da conscientização dos autores de agressão contra a mulher. Este é o objetivo do ‘Saber Viver’, projeto pioneiro no Estado e criado por Portaria Conjunta em Cooperação Técnica entre o Poder Judiciário de Mato Grosso, Prefeitura de Barra do Bugres e Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do município.
O Projeto intersetorial foi idealizado com o intuito de reduzir os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher e de implementar a política de proteção às vítimas, visando a promoção da justiça e da equidade social, bem como a reinserção familiar dos autores do fato.
Os autores de casos de agressões contra a mulher (sejam físicas, verbais, psicológicas ou patrimoniais) deverão participar durante 7 semanas de rodas de conversas e palestras que abrangem todos os aspectos sociais de relações, alcoolismo e saúde, para que assim eles não reincidam no crime.
A medida atende a sanção da Lei 13.984/20, que altera o Artigo 22 da Lei 11.340/06, conhecida como ‘Lei Maria da Penha’, e que torna obrigatório aos agressores o acompanhamento psicossocial e a participação em programas de reabilitação. Barra do Bugres ocupa o 6º lugar em casos de violência doméstica no Estado, um dado considerado alarmante em relação ao número de habitantes do município.
A juíza da 3ª Vara Criminal do Fórum da Comarca de Barra do Bugres, Lílian Bartolazzi Laurindo Bianchini, ressalta o trabalho feito pelo Judiciário e demais instituições no atendimento às mulheres vítimas de crimes de violência doméstica, mas afirma que também é preciso conscientizar o autor da agressão, para que ele pare de praticar a violência. “Os agressores geralmente crescem em lares violentos, onde a própria mãe sofreu ou ainda sofre violência doméstica, portanto, reproduz na vida adulta a violência. Infelizmente, isso hoje é comum, mas não é normal. Então não podemos naturalizar isso.”
Para a juíza, é preciso interromper o ciclo da violência e dar o apoio necessário para que a mulher e a família não sejam vítimas para sempre.“Se não pararmos o ciclo, os feminicídios continuarão acontecendo. Por isso, toda medida protetiva expedida em Barra do Bugres obriga os agressores a comparecerem ao Fórum para participar do ciclo de palestras do Projeto Saber Viver.”
Os autores de agressão que estiverem cumprindo pena na Cadeia Pública de Barra do Bugres também serão obrigados a participar das palestras, que serão transmitidas ao vivo, de forma on-line, para os reeducandos. A medida só foi possível através da parceria e doação de uma TV de 60 polegadas pelo Grupo Barralcool, empresa instalada no município desde 1980.
A secretária municipal de Assistência Social de Barra do Bugres, Joana Miriam Pereira Carrasco, salienta o momento especial vivido na implantação dessa iniciativa de conscientização, em um gesto de união de forças entre os Poderes. “Esse projeto vem justamente para quebrar o ciclo vicioso de violência, para que esse homem possa voltar com a consciência do que ele praticou. Pois a violência leva a destruição do lar, do laço matrimonial que se rompe. Então que ele volte com um novo olhar, diferenciado, do quanto é prejudicial esse ato para sua família e de quanto ela é importante para ele.
Segundo a assistente social da equipe multidisciplinar do Fórum de Barra do Bugres, Adriana Edna Duarte Leite, as vítimas de violência, em grande maioria, não querem ver o companheiro preso. Na verdade, gostariam que eles mudassem o comportamento agressivo e não praticassem mais violência contra elas. “Nós tentamos dialogar para mudar esse ciclo de violência. Ao observar experiências exitosas em outras Comarcas, percebemos os índices bons e então chamamos os nossos parceiros para pensarem da mesma forma e tentarem trazer essa cultura de paz”.
Marco Cappelletti
TJMT

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