O Japão segue como a terceira maior economia do planeta, apesar de há décadas convivendo com uma baixíssima inflação e crescimento econômico estagnado.
Na reta final de 2022, os japoneses devem continuar na contramão do Brasil e do mundo, segundo especialistas ouvidos pelo Money Times.
“O desafio do Japão há tempos tem sido ancorar a inflação num patamar mais alto. Embora sejam observados alguns picos inflacionários no país, o Banco Central do Japão (BoJ) sinaliza que não deve mexer nos juros de 0,25% ao ano do título com vencimento em 10 anos”, explica Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Os dados desafiam a visão do BoJ de que o recente aumento dos preços é temporário e não justifica a retirada do estímulo monetário, pondera Nogueira.
Brasil X Japão
O Brasil adotou uma política monetária bastante oposta a dos japoneses ao elevar a taxa Selic da mínima histórica de 2% ao ano no auge da pandemia para o patamar atual de 13,25% ao ano.
“O ciclo de alta de juros no Brasil deve ser encerrado em agosto na faixa de 13,75% ao ano, o que por sua vez deve limitar o crescimento do PIB. No caso do Japão, que não deve mexer nos juros para incentivar a economia frágil, tem o desafio de operar com uma moeda bastante desvalorizada, o iene“, sintetiza a economista da Tenax.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o PIB do Japão cresça 2,4% em 2022 e avance 2,3% em 2023, de acordo com o relatório mais recente divulgado em abril.
Na comparação com as previsões do FMI reunidas em janeiro, houve queda de 0,9% nas apostas da economia japonesa nesse ano, enquanto que o órgão internacional elevou em 0,5% sua expectativa para o ano de 2023.
No campo geopolítico, o Japão está transitando por uma área minada ao ser arrastado pelos interesses da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), avalia Leonardo Trevisan, especialista em Relações Internacionais e professor na ESPM.
O acadêmico usou a expressão “macaco em loja de cristais” para ilustrar quão perigoso pode ser o movimento do Japão, que adotou uma postura pacifista em sua constituição, ao ser colocado em rota de colisão com a China pelo Ocidente.
Os líderes do G7, grupo que reúne as sete democracias mais ricas do mundo (incluindo o Japão), junto com a Otan já afirmaram que vão aumentar a pressão sobre a Rússia pela guerra na Ucrânia em reuniões nesta semana, e deixarão claro que também continuam preocupados com a China.
Fonte: moneytimes.com.br