Nesta terça-feira (21) completa-se exatamente 10 anos da assinatura da ordem de serviço para o início das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá de Várzea Grande. Naquele 21 de junho de 2012 ,na sede da extinta Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo Fifa 2014 (Secopa), estavam presentes o então secretário Maurício Guimarães e o representante do consórcio VLT, Aloysio Cardoso da Silva.
Em meio aos flashes e câmeras de TV, os dois anunciaram que realizariam no mesmo dia a primeira reunião de trabalho para o início efetivo da fase de execução da obra e que o prazo para a entrega do novo modal era de 24 meses. Era o início de um sonho que deu errado.
O Estado já tinha R$ 423 milhões em caixa para o início das obras, recursos que já haviam sido aprovados para o Bus Rapid Transit (BRT) e foram redirecionados para o VLT após a mudança na escolha do modal.
O restante dos recursos já estavam encaminhados junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento(BNDES), que liberaria no mesmo mês o empréstimo de R$ 727,9 milhões. O governo do Estado desembolsou apenas R$ 110 milhões para as desapropriações.
A questão financeira para a obra, que era para ser entregue em março de 2014, já estava resolvida, já que os R$ 1,4 bilhão da obra estavam garantidos.
Roteiro do atraso
Apesar disso, as intervenções só começaram de fato em 1º de agosto daquele ano. Ou seja, 40 dias depois, com o início da retirada de mais de 2,5 mil árvores dos canteiros de ruas e avenidas de Cuiabá e Várzea Grande. A conhecida ‘cidade verde’ ficava cada vez mais cinza.
O restante do roteiro todos conhecem. Chegaram os jogos da Copa do Mundo sem o VLT. As obras foram paralisadas em dezembro de 2014, com 73% concluídas.
Com o início do governo Pedro Taques, se iniciou uma guerra jurídica com várias ações para responsabilizar os ex-gestores. Em 2017, houve um acordo entre o governo Taques e o Consórcio para a retomada das obras. Seriam acrescidos mais R$ 723 milhões para a retomada.
Implantação do BRT já atrasa
Após a Operação Descarrilho da Polícia Federal, para investigar o pagamento de propina por parte do Consórcio ao ex-governador Silval Barbosa, o governo do Estado decide rescindir o contrato unilateralmente com as empresas do VLT.
Com a chegada de Mauro Mendes (União) ao governo, ele promete que, ainda em 2019, daria uma solução para a novela. Porém, apenas em dezembro de 2020 ele anuncia a decisão de abandonar e enterrar o VLT de vez.
Em seu lugar anunciou a construção do BRT, que se iniciaria em agosto de 2021, ou seja, já possui 10 meses de atraso. O governo ainda ajuizou uma ação pedindo o ressarcimento de cerca de R$ 800 milhões das empresas e que o Consórcio levasse os trilhos e vagões do VLT embora. Porém, a Justiça Federal negou a liminar.
Em meio a esta novela que completa 10 anos, os cuiabanos e várzea-grandenses se sentem como aquela velha canção diz: Passageiros de algum trem/ Que não passa por aqui/ Que não passa de ilusão.
Fonte: gazetadigital.com.br