Resgatar a cultura do diálogo e da pacificação social por meio da conscientização das novas gerações. Esse é o objetivo do Poder Judiciário de Mato Grosso, que está realizando pelas comarcas do Estado a apresentação dos ‘Círculos de Construção de Paz’ para escolas do município.
A ferramenta de autocomposição coordenada pelo Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (Nugjur) e aplicada pelos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) foi utilizada na terça-feira (7 de junho) na Comarca de Chapada dos Guimarães, para apresentar a técnica restaurativa aos secretários de educação, diretores de escolas, dentre outros colaboradores da área escolar dos três municípios.
Esse foi o terceiro encontro promovido pelo coordenador do Cejusc de Chapada dos Guimarães, juiz Leonísio Salles de Abreu Júnior, que já esteve reunido anteriormente com os representantes dos Poderes Legislativo e Executivo dos municípios que também compõem a comarca, Nova Brasilândia e Planalto da Serra, para formalização e compromisso da sanção de projetos de leis instituindo os ‘Círculos de Paz’ como políticas públicas nas escolas municipais.
Para o coordenador, é muito importante que os jovens e adolescentes, futuros usuários da Justiça, possam ter contato com a política da paz e do diálogo. “Vivemos em um mundo acelerado, de velocidade, então é necessário resgatar essa técnica restaurativa que vem desde os povos originários. Sempre vão existir conflitos, precisamos mostrar a essas crianças que podemos resolvê-los com uma conversa sadia.”
O também diretor do Foro da Comarca afirmou que o Círculo de Paz é a preparação de um ambiente seguro, onde as pessoas vão poder conversar, ouvir, falar de si, observando a horizontalidade. “Não existe hierarquia para quem participa do círculo, todos estão em posição de igualdade, com sigilo e voluntariedade. O importante é os participantes aprenderem a escutar de forma atenta e compassiva, se colocando no lugar do outro.”
A gestora do Cejusc da Comarca de Chapada dos Guimarães, Ildenes Rocio Ribas Reis, ressaltou que o encontro foi muito positivo e destacou a receptividade por parte dos participantes, que se mostraram muito interessados. “O Círculo de Construção de Paz é a uma ótima solução. Justamente para criar o diálogo que não está mais havendo nas escolas.”
Presente na dinâmica, a psicopedagoga da Secretaria Municipal de Educação, Suzy Belo, aprovou a sua participação na técnica restaurativa e reforçou que é possível aplicar a ferramenta nas escolas. “O Círculo de Paz é gratificante. Traz a possibilidade do diálogo, a oportunidade de ouvir o outro e de ser ouvido. E essa troca de emoções, de experiências de vida, é muito rica, pois traz uma segurança e uma liberdade de se expressar. Isso vai trazer um ganho de paz para dentro das escolas, um espaço de abertura de compreender, de conhecer o outro, então é muito importante.”
Também esteve no encontro um dos autores do projeto de lei para integrar a ferramenta na rede municipal de ensino, o vereador Benedito Edmílson de Freitas Filho, popularmente conhecido como ‘Bozó’. O vereador explicou o que motivou a criação do projeto de lei. “Aqui em nosso município, uma escola estadual teve divulgado nas redes sociais duas brigas em intervalos diferentes, o que nos chocou e preocupou muito, justamente por se tratarem de jovens de 14 a 15 anos. Junto com a vereadora Rosa Lisboa, encontramos uma Lei como essa muito interessante no Amazonas. Então conversamos com o Judiciário e achamos por bem implantar no município de Chapada dos Guimarães.”
Marco Cappelletti
TJMT