A novela sem fim do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que se iniciou há 10 anos atrás e até ‘aasombra’ a população mato-grossense sem um desfecho final, mesmo tendo consumido mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos, ganhou uma nova versão para esta década: o BRT (Ônibus de Rápido Transporte), que foi anunciado em dezembro de 2020 e já está 9 meses atrasado conforme cronograma do governo Mauro Mendes (União).
O primeiro atraso ocorreu na promessa que Mauro Mendes fez nas eleições de 2018. Ele havia prometido que a decisão sobre o VLT seria tomada até dezembro de 2019. Porém, um ano depois, é que a tal solução foi apresentada pela sociedade. No cronograma divulgado pelo governo naquele dia 13 de dezembro de 2020, o governador afirmava que a licitação para a contratação da empresa para construir o BRT por R$ 480 milhões seria lançado em maio de 2021 e em agosto do mesmo ano, os mato-grossenses já assistiram o início das obras em Cuiabá e Várzea Grande.
No entanto, apenas em dezembro do ano passado é que o edital de licitação foi lançado. Já anúncio da do Consórcio vencedor ocorreu em março deste ano, sendo homologado em abril
O cronograma divulgado pelo governo do Estado afirma que as obras do BRT serão concluídas em até 24 meses. Porém, segundo um estudo realizado pelo Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre) e o Instituto de Engenharia de São Paulo, que são críticos a mundança de modal feita pelo governo de Mato Grosso, os mato-grossenses só terão acesso ao BRT em 2025, ou seja, quase 5 anos a partir do seu anúncio.
Decisão do TCU
Na decisão do ministro Aroldo Cedraz, que foi homologado por unanimidade pelo Pleno do TCU, ele aponta que a paralisação dos tramites para as obras do BRT é necessária, já que ‘valores federais de grande vulto já foram despendidos no empreendimento paralisado há vários anos, privando a população do importante serviço de transporte coletivo’.
Na prática, Cedraz alega que o fato da obra inacabada do VLT já ter custado R$ 1.066 bilhão e a decisão do governo Mauro Mendes em abandoná-la e implementar o BRT em seu lugar não demonstram que a troca de modal foi baseada em uma ‘avaliação sistêmica e integrada, com estudos robustos a possibilitar, cumprida toda a legislação pertinente, a substituição do modal de VLT para BRT com vistas à implementação do novo serviço de transporte público’, explicou em sua decisão.
Aroldo Cedraz também questionou o fato de o governo do Estado ter alegado que já teria quitado o empréstimo do VLT em mais de R$ 500 milhões, e que com isso não precisaria mais de permissão do governo federal para trocar de modal. Para ele, isso é uma tentativa do governo Mauro Mendes evitar uma análise mais profunda da Corte de Contas da União nas obras do VLT.
BRT
De acordo com o governo, a obra prevê a construção de 46 estações, de um terminal na região do Coxipó e outro no CPA, e a reconstrução do Terminal André Maggi, em Várzea Grande. Será construído ainda um viaduto para passagem do BRT na rotatória das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Beira Rio, uma nova ponte sobre o rio Coxipó, a criação de um parque linear na avenida do CPA, a requalificação do Largo do Rosário e demais adequações no trânsito.
As empresas Nova Engevix Engenharia e Projetos, Heleno & Fonseca Construtécnica e Cittamobi Desenvolvimento em Tecnologia, fazem parte do Consórcio Construtor BRT Cuiabá que será o responsável pelas obras. As empresas venceram o processo de licitação do governo de Mato Grosso, com uma oferta de R$ 468 milhões.
VLT
Prometido para a Copa do Mundo de 2014, o VLT foi projeto em 2012, com previsão de conclusão da abra para abril de 2014, com o valor de R$ 1.4 bilhão. A obra previa a construção de 22 quilômetros com 33 estações de embarque e desembarque de passageiros, entre Cuiabá e Várzea Grande.
Em dezembro a obra foi paralisada e em 2015 judicializada. O contrato foi rescindido unilateralmente pelo governo em 2017 e confirmado pela justiça de Mato Grosso em 2019.
Fonte: gazetadigital.com.br