Dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que, entre 2019 e 2020, 2.001 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito em Mato Grosso. Esse número representa mil óbitos por ano. Neste ano, até outubro passado, foram 600 vítimas fatais por desastres envolvendo veículos e motocicletas.
Essas tragédias representam relevante problema de saúde pública, devido aos seus impactos sociais e financeiros para as vítimas, familiares e para o sistema público como um todo. Nesses dois anos, o SUS registrou 8.357 internações, fechando o biênio com o total de gastos de R$ 8,5 milhões.
Além disso, os impactos podem ficar para a vida toda, com sequelas irreparáveis e permanentes. Exemplo disso ocorreu nesta última terça-feira (21), na Avenida Júlio Campos, no Bairro Jardim dos Estados, em Várzea Grande.
Por lá, uma mulher identificada como Maria Hermínia da Costa Faria, 66 anos, morreu, após ser atropelada por uma motocicleta. Testemunhas relataram à polícia que a vítima atravessa a via, quando foi atropelada pela moto, que era pilotada por Mauro de Oliveira, 55.
A idosa chegou a ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até o Pronto-Socorro Municipal da cidade. Porém, não resistiu aos ferimentos e morreu logo após dar entrada na unidade. O condutor da motocicleta também ficou ferido e precisou ser encaminhado para atendimento médico.
Para conscientizar e tentar reduzir as ocorrências, o Governo de Mato Grosso lançou uma campanha nas redes sociais de sensibilização e em memória às vítimas. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT), o objetivo é acolher as famílias e sensibilizar a sociedade para uma mobilidade mais segura. As ações são voltadas para a prevenção e orientação aos motoristas, ciclistas, passageiros, pedestres e motociclistas.
Membro do Comitê Intersetorial do Programa Vida no Trânsito (PVT), ligado à Ses-MT, Aparecido Samuel de Castro Cavalcante, 83 dos 141 municípios mato-grossenses apresentam maior incidência de acidentes dessa natureza. Além disso, os acidentes do trânsito estão como primeira causa de morte dentre as causas externas e que 80% das vítimas são do sexo masculino.
Levando em consideração o tipo de meio de transporte utilizado, conforme informações da assessoria de imprensa da Ses-MT, os motociclistas correspondem ao maior número de internações hospitalares na rede pública de saúde, com 73% dos atendimentos realizados.
Já segundo o ciclo de vida, houve um aumento da taxa de mortalidade por acidente de transporte de 16,2% entre os jovens, no período de 2019 e 2020; de 8,7% entre crianças e, de 4,8% entre os adultos. Já entre os idosos houve redução de 9,5% no mesmo período. “Na proporção de óbitos por acidente, segundo o sexo e o tipo de transporte, para cada óbito feminino, utilizando motocicleta, ocorreram aproximadamente seis óbitos masculinos”, destacou.
A Ses-MT pontua ainda que outra fonte de informação importante para o avanço e aprimoramento das ações do Comitê Intersetorial PVT é o Serviço Móvel de Urgência e Emergência (Samu), que no ano de 2020, registrou de 6.248 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito com motocicleta e 930 que utilizavam automóveis. Outros 383 registros foram de atropelamentos.
Dados parciais de 2021 (janeiro a julho) registram 3.818 atendimentos a vítimas de acidentes com motocicletas e 528 atendimentos a vítimas de acidentes com automóveis. Outras 200 ocorrências são por atropelamentos com o uso de diferentes meios de transportes.
A imprudência está presente na maioria desses sinistros. Mas, segundo a coordenadora de Promoção e Humanização da Saúde, Rosiene Pires, Mato Grosso tem avançado na articulação entre as mais diversas esferas do poder público, da sociedade e demais atores sociais na promoção do cuidado e na redução da morbimortalidade decorrente do trânsito.
O trabalho tem como foco um planejamento integrado, parcerias, atribuições, responsabilidades e especificidades de cada setor para a promoção da mobilidade segura, de ações educativas, legislativas, econômicas, ambientais, culturais e sociais que garantam o trânsito seguro, a redução de morbimortalidade e, consequentemente, a paz no trânsito.
Fonte: diariodecuiaba.com