Prudêncio Rodrigues, da UFMT, alerta para a sinuosidade da estrada e instabilidade das rochas
Paisagem do Portão do inferno impressiona, mas traz riscos
O grave acidente que ocorreu no Portão do Inferno esta semana levantou questionamentos sobre a segurança deste trecho da MT-251, onde, diariamente, centenas de veículos trafegam entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães.
O geólogo Prudêncio Rodrigues, da UFMT, é categórico ao afirmar que deveria ser proibida a passagem de qualquer veículo no local devido ao alto risco que os motoristas correm. Ele defende a desativação do trecho e a construção de um túnel.
“Acredito que nenhum veículo deveria passar por uma estrada nessas condições”, pontua.
Em entrevista ao MidiaNews, Prudêncio explica que um lugar tem risco geológico quando algum fenômeno do meio físico pode causar danos para a integridade física, para vida e também para o patrimônio. E o Portão do Inferno se enquadra nesta classificação.
Hoje essa estrada, que já passava por um local precário, conduz um fluxo automotivo muito grande, inclusive de caminhões que transportam 30 toneladas de carga.
No trecho da rodovia, cercado por um precipício de 150 metros de altura de paisagem exuberante, os motoristas são obrigados a passar em uma área de escarpa.
O nome técnico se refere aos paredões que cercam a estrada tanto em cima quanto embaixo. Segundo o geólogo, essas áreas estão suscetíveis a sofrer com movimentos de massas, que causam desprendimentos de rochas e deslizamentos de terra.
Ao mesmo tempo, a curva fechada naturalmente pelo bloco de rocha disposta na região também é um fator de risco para quem precisa passar pela estrada.
Ao observar o acidente que vitimou o caminhoneiro Daniel Francisco Salles, o geólogo entendeu que houve uma influência da construção indevida da estrada naquele ponto.
“No evento que ocorreu na quarta-feira, pude ver exatamente isso: não foi em uma ocorrência de queda de bloco ou escorregamento, mas devido a curva muito fechada o motorista passou direto, bateu e foi lá para baixo”, explica.
“Então, você vê o risco, ocorrendo danos ao patrimônio e a vida”, acrescenta.
Prudêncio ainda afirma que a estrada, por estar cercada por escarpas, diariamente sofre com os movimentos de massa que são naturais desse tipo de rocha.
Por isso, pode não ser algo imediato, mas é esperado pelo geólogo que em algum momento esses movimentos de massa possam causar danos mais graves. E essa deterioração é acelerada pelo grande fluxo de veículos diariamente na estrada.
“Hoje essa estrada, que já passava por um local precário, conduz um fluxo automotivo muito grande, inclusive de caminhões que transportam 30 toneladas de carga. Por isso é muito necessário desativar esse trecho em benefício da segurança e da vida das pessoas”, sugere.
Solução
Prudêncio afirma que para solucionar o problema de segurança do Portão do Inferno é necessário deixar de usar a estrada que passa pela superfície. Como profissional da área, ele entende que é preciso construiu um túnel pequeno que corte aquela região.
Apesar de ser uma rocha arenosa, o geólogo explica que hoje é possível, com a tecnologia, construir este tipo de passagem sem submeter os condutores ao risco de acidentes.
“A melhor solução ali é o departamento de estradas providenciar a construção de um túnel para tirar o trânsito de veículos daquela curva fechada. Vai dar mais segurança e a estrada antiga deixa para as pessoas acessarem a pé, para contemplarem a paisagem”, finaliza.
Fonte: midianews.com.br