Diretas-já extrapolou o Congresso Nacional, ganhou as ruas e virou símbolo da luta democrática Brasil afora
Dante de Oliveira deu o tiro democrático de misericórdia no regime militar de 1964.
A emenda das Diretas-já, que pedia eleição direta para presidente da República, de sua autoria, foi derrotada, mas levantou as ruas e despertou a consciência coletiva por democracia.
Faltaram 22 votos para sua aprovação.
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A votação começou em 24 de abril de 1984 e avançou pela madrugada de 25 de abril de 1984.
O processo democrático foi restabelecido em 1985, com a eleição, pelo Colégio Eleitoral, de Tancredo Neves para presidente.
Transcorridos 38 anos daquela votação que sacudiu o Brasil, o Estado Democrático de Direito resiste, apesar dos ventos ameaçadores que teimam em soprar sobre a liberdade que a propositura de Dante tanto contribuiu.
Para ser aprovada pela Câmara e seguir para o Senado, a emenda precisaria de dois terços dos votos dos 320 deputados federais, o que não aconteceu.
A propositura de Dante recebeu 298 votos, 65 parlamentares foram contrários, 113 não compareceram ao plenário, três se abstiveram e o presidente da Casa não votou.
A bancada mato-grossense do PMDB, composta por Dante, Gilson de Barros, Milton Figueiredo e Márcio Lacerda, fechou questão com a eleição direta.
Bento Porto, Jonas Pinheiro e Ladislau Cristino Cortês (Lalau), do PDS, não compareceram à votação para dificultar o quórum, o que golpeava a emenda.
Maçao Tadano (PDS) votou contra a proposta de Dante.
A derrota pode ser creditada à fidelidade da bancada governista e às pressões externas pelo presidente da República, general João Figueiredo, à mobilização e à movimentação de blindados das Forças Armadas no entorno do Congresso Nacional, e ao comandante Militar do Planalto, Newton Cruz, montado em seu cavalo branco, com um chicote ameaçador nas mãos.
PERSONAGENS – Dos oito parlamentares que integravam a bancada federal mato-grossense na Câmara, sete morreram, incluindo o autor, Dante.
O agrônomo Maçao Tadano aposentou-se e mora atualmente em Brasília.
Depois da emenda, o político e engenheiro civil cuiabano Dante Martins de Oliveira foi prefeito de Cuiabá em dois mandatos, ministro da Reforma e Desenvolvimento Agrário em parte do Governo de José Sarney, e governou Mato Grosso em dois mandatos consecutivos.
Vítima do diabetes, morreu aos 54 anos em sua cidade, onde foi sepultado com honras de chefe de Estado.
Deixou a viúva Thelma de Oliveira.
Fonte: diariodecuiaba.com.br