A Rússia realizou nesta quarta-feira (20/04) o primeiro teste o míssil intercontinental balístico Sarmat, uma adição bastante aguardada pelo presidente russo, Vladimir Putin, ao arsenal nuclear do país.
O Sarmat já vinha sendo desenvolvido há anos, motivo pelo qual o lançamento não surpreendeu as nações do Ocidente. Ainda assim, ocorre em um momento de extrema tensão geopolítica, em meio a invasão russa na Ucrânia.
O míssil foi lançado do cosmódromo de Plesetsk e chegou ao seu destino a 6 mil quilômetros de distância, no polígono de Kura, na península de Kamchatka. No lançamento, transmitido ao vivo pela televisão pública, Putin aproveitou para fazer um alerta àqueles que, entre aspas, “tentam ameaçar” seu país.
Segundo o líder russo, o Sarmat garante a segurança do país contra ameaças externas e fará com que aqueles que tentam ameaçar a Rússia pensem duas vezes, em uma clara referência à guerra na Ucrânia e às sanções impostas pelo Ocidente.
Putin destacou que o Sarmat “é capaz de superar todos os meios modernos de defesa antimísseis”. Segundo o Ministério da Defesa russo, o míssil, que foi apresentado em público em 2018, seria o mais poderoso e de maior alcance do mundo.
“Este novo complexo possui as melhores características técnicas e táticas e é capaz de superar todos os meios modernos de defensa antimíssil. Ele não possui equivalentes no mundo, e não possuirá ainda por muito tempo”, disse o presidente.
“Esse armamento verdadeiramente singular vai reforçar o potencial de combate de nossas Forças Armadas e assegurar de maneira confiável a segurança contra nossas ameaças externas”, assegurou.
Pentágono não vê ameaça
O lançamento foi adiado por anos em razão de atrasos associados a problemas de financiamento e de design. Novos testes serão necessários para que a Rússia consiga substituir os antigos sistemas de mísseis SS-18 e SS-19.
Segundo especialistas, o Sarmat é capaz de transportar dez ou mais ogivas. A possibilidade de o míssil realizar uma trajetória sobre os dois polos da Terra gera ameaças a sistemas de radares com base em satélites e sistemas de rastreamento.
Nos Estados Unidos, entretanto, autoridades do Pentágono disseram que o Sarmat não representa uma ameaça ao país e seus aliados.
O Departamento de Defesa americano disse que foi informado por Moscou da realização do teste, em acordo com suas obrigações previstas no Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START), de 2011.
O acordo estabelece limites ao uso de armas nucleares para os dois países, que possuem juntos mais de 90% do arsenal nuclear no mundo.
Fonte: dw.com