Ele deixou o comando da Secitec recentemente para lançar sua pré-candidatura a deputado federal
O ex-secretário de Estado Nilton Borgato, um dos presos da Operação Descobrimento, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (19), responde a diversas ações civis e até criminal na Justiça. A ação da PF visou desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína.
Borgato entrou na vida pública sendo secretário municipal de Porto Esperidião entre 2001 a 2008. Em 2004, chegou a disputar o cargo de prefeito de Glória D’Oeste (310 km de Cuiabá), mas perdeu. Voltou a disputar a função em 2008, venceu e comandou o município até 2016.
A gestão, porém, trouxe uma série de problemas jurídicos. Ele foi condenado por ato de improbidade administrativa em um esquema de venda de terreno na Prefeitura. A sentença foi dada em maio do ano passado pela juíza Lílian Bartolazzi Laurindo Bianchini, da Vara Única de São José dos Quatro Marcos (leia mais abaixo).
Também na época em que era prefeito, Borgato foi preso em flagrante por crime ambiental e uso de maquinários da Prefeitura em propriedade particular. Ele chegou a ser condenado pelo crime de peculato e teve o mandato cassado, em 2012.
Ainda aquele ano, porém, conseguiu anular a condenação por peculato, concorreu a eleição do município e novamente foi eleito.
Após o término do mandato, foi contratado em 2017 como assessor especial do então vice-governador, Carlos Fávaro, onde permaneceu até 2018.
Em 2019, assumiu o cargo de secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secitec) e se desligou recentemente do cargo para lançar sua pré-candidatura a deputado federal.
Condenação por Improbidade
Além de Borgato, também foram condenados a atual prefeita de Glória D’Oeste, Gheysa Maria Bonfim Borgato, que é esposa do ex-secretário, e o pai dela, Roberto Carlos Barbosa, ex-prefeito da cidade.
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), a Prefeitura, sob o comando de Roberto Barbosa, comprou um terreno pertencente a Nilton e Gheysa para construção de um aterro sanitário.Ocorre que a área tinha um “gravame de Hipoteca Cedular de 1º Grau, em favor da União”.
Por causa desse impedimento, do qual, segundo o MPE eles tinham conhecimento, a escritura de compra e venda acabou cancelada.
Diante disso, conforme o Ministério Público, a construção do aterro sanitário foi interrompida, causando vários transtornos à população.
Operação Descobrimento
Além de Borgato, também foram presos na operação o lobista Rowles Magalhães, em São Paulo, e sua ex-namorada Nelma Kodama, delatora da Operação Lava Jato, em Portugal.
Rowles foi assessor especial durante a gestão Silval Barbosa, e se tornou conhecido ao denunciar, em 2012, um esquema de pagamento de propina referente à licitação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Ao todo, a Operação Descobrimento cumpre 43 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva no Brasil e em Portugal. No Brasil, os mandados são cumpridos nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Bahia, Rondônia e Pernambuco.
As investigações começaram após a apreensão de 535 kg de cocaína em um jato executivo pertencente a uma empresa portuguesa ligada a Rowles Magalhães, em fevereiro do ano passado, em Salvador.
Conforme a PF, a partir de então foi possível identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
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Fonte: midianews.com.br