Em alguns casos, para se chegar à convenção e longe do olhar da população, acontecem as “brigas de foices no escuro”
Política tem verso e reverso. Ao eleitor são apresentados os candidatos, mas nunca as articulações de bastidores que desembocam nas candidaturas.
Nem sempre é consensual a formação de um grupo político que participa de “arrastões”, distribuindo sorrisos, abraços indistintamente, acenando em frenesi e carregando crianças que nunca viram.
Em alguns casos, para se chegar à convenção e longe do olhar da população, acontecem as chamadas “brigas de foices no escuro”.
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Por analogia, esse é o caso do presidente da Câmara Municipal de Várzea Grande, Fábio Tardin (PSB), o Fabinho.
Tardin cumpre o segundo mandato consecutivo de vereador eleito e reeleito pelo extinto Democratas (DEM).
Político do grupo liderado pelo senador Jayme Campos (UB), Fabinho foi apresentado enquanto pré-candidato a deputado estadual pelo DEM.
Mesmo abraçando a possibilidade da candidatura, o vereador ponderava que seria muito difícil sua eleição à Assembleia, por conta dos nomes do partido que disputariam mandato, a exemplo dos deputados estaduais Eduardo Botelho e Dilmar Dal’Bosco, além de Júlio Campos, irmão de Jayme e que foi prefeito de Várzea Grande, deputado federal, governador e senador.
Mesmo com o pé atrás, Fabinho mantinha a intenção de candidatar-se.
Porém, com a fusão do DEM com o PSL, o quadro interno tornou-se ainda mais difícil para sua eleição, pois o partido incorporado ao seu jogou na nova sigla, o União Brasil, os deputados estaduais Delegado Claudinei, Gilberto Cattani e Elizeu Nascimento, todos de olho na Assembleia.
Com o congestionamento de caciques para a Assembleia, no começo da temporada de mudança de partido com a janela de filiação em vigor, Fabinho bateu às portas do PSB do deputado estadual Max Russi, para discutir a possibilidade de aderir àquela sigla e disputar a eleição.
O vereador e Max chegaram a entendimento, depois de apresentada a lista da pré-chapa.
Max teria assegurado a Fabinho que nenhum outro nome com boa densidade eleitoral seria incluindo ao partido.
Política, além de não ser ciência exata, ainda tem o complicador da revisão de entendimentos por parte de políticos, isoladamente, sem a preocupação de ouvir a outra parte.
Assim, Max filiou o ex-prefeito reeleito de Barra do Garças, Beto Farias, assegurando a ele legenda para deputado estadual.
Fabinho tremeu nas bases, desabafou, mas o líder de seu partido o tranquilizou.
Tudo bem! Quando parecia que o PSB navegava em mar de calmaria, a imprensa abriu manchete à filiação do ex-secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso, Alberto Machado, o “Beto Dois a Um”, ao PSB, para concorrer à Assembleia.
Fabinho botou a faca no pescoço de Max: “Não aceito Beto Dois a Um”.
Acuado, Max não deu entrada à filiação do ex-secretário, que assim permanece filiado ao União Brasil, e seja o que Deus quiser.
Livre de Beto Dois a Um, dentro de seu partido, Fabinho deverá disputar mandato com Max Russi; com o Dr. Eugênio Paiva, que tentará a reeleição; com Beto Farias; com o ex-presidente da União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT) e vereador por Vila Bela da Santíssima Trindade, Edclay Coelho; com o presidente da Câmara de Rondonópolis, Roni Magnani; com Janovan Rios de Sousa, que foi vereador por Vila Rica em três mandatos e assessora Max na Assembleia; com Meire do Lanche, vereadora por Arenápolis; e outros nomes.
Beto Dois a Um, fora do PSB, tentará vaga, na pré-chapa do União, onde o congestionamento de políticos com densidade eleitoral nada fica a dever ao partido de Max.
Ao contrário de Fabinho, o ex-secretário não terá como afastar o chamado “canibalismo interno”, pois os principais nomes do partido ao qual retornou sem ter saído são de deputados estaduais, que, além do peso eleitoral, ainda têm ao seu lado a legislação que os fazem candidatos natos.
Fonte: diariodecuiaba.com.br