LIGA DAS ESCOLAS DE SAMBA DE CURITIBA: ENTRE OPORTUNIDADES E DESAFIOS

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“Presidente da LIESC aponta dificuldades e questiona o fortalecimento da entidade, que na verdade está aquém de sua capacidade e atuação”

Jefferson Pires denuncia a dependência financeira da LIESC. Mas a pergunta que não quer calar: Cadê a urgência de estratégias autônomas para o fortalecimento do Carnaval curitibano?

Nos últimos dias, o presidente da Liga das Escolas de Samba de Curitiba (LIESC), Jefferson Pires, utilizou suas redes sociais para expor os desafios e limitações da entidade, trazendo à tona uma discussão crucial para o futuro do Carnaval na cidade. Entre os principais pontos abordados, o líder da LIESC alertou sobre a dependência financeira da Liga em relação aos órgãos públicos, a falta de iniciativas próprias para garantir a sustentabilidade das escolas de samba e a necessidade urgente de um fortalecimento institucional. No entanto, talvez o maior problema esteja em uma compreensão equivocada sobre o verdadeiro papel da Liga: mais do que um mero administrador do evento anual, a LIESC deveria ser a guardiã do samba e a principal promotora da cultura carnavalesca em Curitiba.

A verdadeira missão da LIESC

A função essencial da LIESC deveria ser garantir a execução do Carnaval de forma estruturada e com qualidade, promovendo o desenvolvimento e a valorização das escolas de samba. A entidade deveria ser responsável por questões como o regulamento dos desfiles, o julgamento das apresentações, o repasse de recursos e a gestão de toda a logística envolvida. Além disso, teria um papel imprescindível na preservação e promoção da cultura do samba, um patrimônio imaterial do Brasil.

No entanto, a realidade é bem diferente. A Liga, que deveria ser um ponto de articulação e fortalecimento do Carnaval, tem se mostrado fragilizada e limitada. Sua missão vai além da mera organização do desfile anual; ela deveria atuar como uma representante ativa das escolas, promovendo atividades culturais ao longo do ano e buscando formas de profissionalizar o Carnaval curitibano. Mas, segundo Pires, a Liga não tem conseguido cumprir esse papel de maneira eficaz, resultando na escassez de ações concretas que garantam uma verdadeira sustentação financeira e cultural para as escolas de samba.

A luta por autonomia financeira

A crítica ao presidente Jefferson Pires e às Escolas de Samba em relação à falta de iniciativas autônomas aponta para um ponto crucial na gestão das escolas: a dependência excessiva de recursos públicos. A proposta seria de criar eventos lucrativos, buscar apoiadores culturais e explorar plataformas digitais, como o Spotify para a venda de sambas, visando aumentar a sustentabilidade financeira das escolas, proporcionando mais autonomia. Essa abordagem tem o potencial de profissionalizar a gestão do Carnaval curitibano, tornando-o mais robusto e capaz de resistir a pressões políticas e financeiras externas, além de reduzir o impacto de oscilações nos repasses de verbas públicas.

Essas medidas não só poderiam garantir mais independência para a Liga, mas também criar novas fontes de receita que ampliariam o alcance e a relevância do Carnaval, além de atrair um público mais diverso, incluindo o digital. Porém, a implementação dessas mudanças exige uma gestão estratégica e a adaptação das escolas a novas realidades, como a gestão de eventos e o marketing digital, o que pode ser um desafio, mas também uma oportunidade de transformação para o setor.

No entanto, a mudança de mentalidade dentro da LIESC é fundamental. A Liga precisa entender que sua atuação deve ser contínua, com ações durante o ano todo e não apenas na época do Carnaval. O fortalecimento do samba em Curitiba requer um trabalho constante de articulação, gestão estratégica e, principalmente, um esforço conjunto entre as escolas de samba e a direção da Liga.

Desafios estruturais e políticos

Além das questões financeiras, o Carnaval curitibano enfrenta outros desafios estruturais e políticos, incluindo a dificuldade de afirmação da LIESC perante a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e a Prefeitura. Para muitos, Curitiba é uma cidade com um perfil “elitizado e racista”, fatores que dificultam o crescimento e a inclusão do Carnaval na identidade cultural da cidade. Para superar essas barreiras, é necessário que a Liga se estruture de maneira mais eficiente, criando alianças estratégicas e ampliando sua base de apoio.

É crucial que a LIESC busque a construção de um caminho onde os recursos públicos sejam apenas um complemento e não a única fonte de financiamento do Carnaval. A falta de uma gestão independente e autônoma enfraquece o Carnaval e limita suas possibilidades de crescimento e fortalecimento como uma verdadeira manifestação cultural.

O futuro do Carnaval curitibano

O alerta feito por Jefferson Pires sobre a situação da LIESC é um convite à reflexão. Para que o desfile das escolas de samba em Curitiba cresça e se profissionalize, a Liga precisa compreender sua função política e organizacional de forma mais ampla. A sustentabilidade do Carnaval depende da capacidade da LIESC em criar soluções autônomas, fortalecer sua estrutura organizacional e consolidar sua posição como principal gestora do Carnaval curitibano.

O futuro do samba na cidade está em jogo. Se a Liga não assumir de fato sua responsabilidade de fortalecer a cultura do samba durante todo o ano, e não apenas no período do Carnaval, o evento continuará fragilizado e sem o impacto cultural que ele poderia ter. A hora de agir é agora. Fortalecer a LIESC é, sem dúvida, fortalecer o Carnaval de Curitiba.

É importante que os componentes da Liga e os sambistas de uma forma geral saibam que existem diversas oportunidades de formação política e cultural que podem contribuir significativamente para o fortalecimento do nosso movimento. Entre essas opções, destacam-se cursos como a Especialização em Política e Gestão Cultural, que oferece uma visão aprofundada sobre as estratégias e desafios da gestão cultural, e a formação para elaboração de planos municipais de cultura, que capacita para o desenvolvimento de políticas públicas culturais eficazes nas esferas locais. Além disso, um curso de Produção e Política Cultural também é uma excelente oportunidade para aqueles que desejam se envolver na criação e execução de projetos culturais, alinhando prática e teoria para promover a valorização das nossas tradições e o fortalecimento da cultura popular. Participar desses cursos é uma forma de empoderamento, capacitando os sambistas e os envolvidos na cultura a atuarem de maneira mais eficaz, impactando positivamente a nossa comunidade e além.

Fonte: www.brasilcultura.com.br


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