O governo da Alemanha autorizou o envio à Ucrânia de 56 tanques que poderão ser utilizados no enfrentamento de militares russos que invadiram o país, em meio a seguidas críticas de autoridades ucranianas de que Berlim não estaria enviando apoio militar suficiente a Kiev.
Os veículos militares são do tipo PbV-501 e pertenciam originalmente às Forças Armadas da antiga Alemanha Oriental comunista. No final da década de 90, eles foram repassados à Suécia, que depois os vendeu para uma empresa da República Tcheca, que agora pretende vendê-los a Kiev, segundo o jornal Welt am Sonntag.
Os PbV-501 são equipados com canhões e metralhadoras e não devem ser entregues à Ucrânia imediatamente, pois necessitam de reparos e revisões que ainda levarão algumas semanas.
Qualquer país que deseja exportar veículos militares e armas produzidos na Alemanha precisa da aprovação de Berlim, segundo a lei local. O aval foi confirmado por um porta-voz do Ministério da Defesa nesta sexta-feira (01/04).
Pressão por envio de mais armas
Antes da invasão russa da Ucrânia, a Alemanha resistia a autorizar a exportação de armas letais a Kiev, sob o argumento de que era sua política de longa data não exportar esses equipamentos para áreas em conflito. A Alemanha é o quarto maior exportador de armas do mundo.
Após a invasão, Berlim mudou de postura e autorizou o fornecimento de armas pesadas ao exército ucraniano.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, seguiu pedindo a países do Ocidente, inclusive à Alemanha, que enviem mais armamentos ao seu país. E o governo ucraniano preparou uma lista de equipamentos militares que necessitava para combater a Rússia.
Na semana passada, o embaixador da Ucrânia em Berlim, Andriy Melnyk, afirmou o jornal Bild que era “muito frustrante” que o governo federal alemão não havia dado nenhuma resposta sobre essa lista.
Possível compra de 300 milhões de euros
A Alemanha optou inicialmente por fornecer à Ucrânia armamentos como mísseis terra-ar e armas antitanque que estavam nos estoques da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, em vez de envolver as indústrias bélicas do país na produção e entrega de novas armas. Porém, nesta terça-feira, a ministra da defesa alemã, Christine Lambrecht, afirmou que “a situação nas nossas Forças Armadas não permite que possamos fornecer uma quantidade ilimitada”.
Na quarta-feira, o jornal Die Welt publicou que a maior produtora de armas da Alemanha, a Rheinmetall, enviou ao governo alemão em 28 de fevereiro uma lista de armas no valor de 510 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) que poderiam ser fornecidas imediatamente à Ucrânia. A comunicação foi enviada um dia após o governo alemão decidir que permitiria a exportação de armamentos ao país.
Segundo o Die Welt, nesta semana, um mês após o envio da proposta, o governo alemão teria dado luz verde para a encomenda de 300 milhões de euros (R$ 1,5 bilhão) em armas, que incluiriam morteiros, lançadores de foguetes, coletes balísticos e capacetes. Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, falta o Conselho Federal de Segurança da Alemanha aprovar a compra. Ainda não está claro em nome de quem o contrato seria assinado, nem quem pagaria pelos armamentos.
Críticas do embaixador ucraniano
Na segunda-feira, a ministra alemã da Defesa disse que a Alemanha era o segundo maior fornecedor de armas para a Ucrânia, mas teve que voltar atrás. Dois dias depois, o porta-voz da pasta, David Helmbold, disse que a Alemanha seria o segundo exportador em termos de peso exportado, e não em valor. Ele também afirmou que “achava” que, sob o critério de valor, a Alemanha seria o terceiro maior exportador de armas para a Ucrânia.
O embaixador ucraniano em Berlim refutou. “Os ucranianos querem que a Alemanha esteja entre os nossos três principais fornecedores de armas, já que é o quarto maior exportador do mundo. No momento, infelizmente, está a quilômetros de distância disso”, afirmou Melnyk ao Bild.
Fonte: dw.com