O relatório mais recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) anuncia um cenário devastador para o nosso planeta. Segundo os autores, a Terra caminha a passos largos para um aumento de temperatura de 3,1 °C até o final do século atual. Conforme o documento, isto “representa uma ameaça real à habitabilidade do planeta e à sobrevivência de diversas espécies”.
Enfatizando a gravidade da situação, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou sobre a necessidade urgentíssima de os países correrem para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a tempo de evitar uma catástrofe ambiental. Ele destaca que serão os países mais pobres e as populações mais vulneráveis, os mais impactados pela crise climática.
Saiba mais: Limites planetários e o desafio da humanidade para evitar o colapso
Infelizmente, a recente COP29 em Baku, no Azerbaijão, país que pretende expandir a produção de gás em até um terço na próxima década, terminou apenas com uma promessa de ajuda aos países mais pobres de US$ 300 bilhões por ano até 2035, mas não tocou no assunto “combustíveis fósseis”.
Sonho e realidade: as metas não cumpridas do Acordo de Paris
Em 2015, o Acordo de Paris estabeleceu um marco histórico, quando nações do mundo inteiro se comprometeram a limitar o aumento da temperatura global bem abaixo de 2 °C, com uma sugestão ainda mais ambiciosa de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Essa meta é considerada pelos especialistas como crucial para evitar os impactos climáticos mais severos.
Nove anos se passaram, e os dados atuais revelam um cenário mais preocupante do que se imaginava, com as emissões de gases de efeito estufa aumentando 1,3% em 2023 em relação a 2022. As nações do G20 respondem, sozinhas, por 77% das emissões, mostrando que é das maiores economias mundiais a responsabilidade de uma ação imediata.
Isso significa que, se mantidas as políticas atuais, a Terra chegará ao perigoso aquecimento global de 3,1 °C antes mesmo que o previsto. As metas dos planos de ação climática até 2030 autoimpostas pelos países têm sido solenemente ignoradas pela maioria, o que pode ser comprovado pelos aumentos de temperatura de 2,6 °C a 2,8 °C.
Estratégias e soluções para mitigar a crise climática
x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Avanços em energia eólica e solar são considerados esperança em uma virada climática. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O PNUMA não se limitou a anunciar o apocalipse, mas trouxe algumas sugestões claras para o enfrentamento da crise: redução de 42% nas emissões até 2030, e 57% até 2035. Esses números não são aleatórios: resultam de cálculos cientificamente viáveis, por meio de um aumento importante da capacidade de energia renovável, melhor eficiência energética e abandono gradual dos combustíveis fósseis.
Nesse cenário de virada possível, a inovação tecnológica surge como uma esperança, com as recentes conquistas em energia solar, eólica e hidrelétrica. Outras inovações em desenvolvimento que prometem reduzir emissões e otimizar o uso de energia são: novas tecnologias de armazenamento de bateria, redes elétricas inteligentes e sistemas de captura de carbono.
Confira: Pesquisadores analisam 66 milhões de anos do CO2
No âmbito planetário, algumas estratégias podem também ser usadas para aumentar a captura de carbono na atmosfera, como a proteção e restauração de habitats naturais. Isso contribuiria para uma maior absorção de CO2 pelas árvores e plantas e armazenamento em biomassa do carbono em raízes, troncos, folhas e solo de florestas e manguezais.
O que podemos fazer para combater as mudanças climáticas?
x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Cada um de nós tem responsabilidade com a proteção do planeta. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Embora ações governamentais e tecnologia sejam primordiais no combate às mudanças climáticas, cada cidadão e cada comunidade têm a sua parcela de responsabilidade nessas ações. A primeira delas é escolhendo pessoas comprometidas com a causa climática como representantes políticos.
Em seguida, escolhendo reduzir conscientemente o consumo de energia, minimizar o desperdício e optar por soluções sustentáveis de transporte.
Leia também: Oceanos em colapso, um novo capítulo da crise climática global?
Para a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, mesmo que atingíssemos a desejada meta de 1,5 °C, devemos buscar um mundo com zero emissões líquidas, pois “Cada fração de grau evitada conta em termos de vidas salvas, economias protegidas, danos evitados, biodiversidade conservada e a capacidade de reduzir rapidamente qualquer excesso de temperatura”.
Fonte: tecmundo.com.br