As perdas da Rússia na invasão da Ucrânia

As perdas da Rússia na invasão da Ucrânia
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Quantos soldados russos foram mortos na Ucrânia desde o início da guerra? Dados são difíceis de ser verificados, mas há indicações de que o Kremlin perdeu muito mais militares do que está disposto a admitir.

Um mês se passou desde o início da invasão russa da Ucrânia. A chamada “operação especial” russa que o Kremlin esperava concluir em poucos dias se transformou em uma guerra que já resultou em milhares de baixas em ambos os lados. E dados indicam que o exército russo registrou perdas “inesperadamente altas”.

É muito difícil estimar quantos soldados russos perderam suas vidas até agora. As informações são extremamente contraditórias e não podem ser verificadas de forma independente.

Fontes russas em silêncio

O Ministério da Defesa da Rússia divulgou números de baixas em apenas uma ocasião. Em 2 de março, relatou 498 mortos e cerca de 1.600 soldados russos feridos desde o início da guerra. Desde então, a Rússia vem mantendo segredo sobre o número de mortes entre suas tropas.

Na noite do último domingo (20/03), uma reportagem do tabloide russo Komsomolskaya Pravda chamou a atenção. Um texto da versão online do jornal, supostamente citando fontes militares, apontava que até aquele momento 9.861 soldados russos haviam morrido e que mais de 16.000 estavam feridos.

No entanto, depois de apenas alguns minutos, o texto foi tirado do ar. O site se justificou afirmando que se tratava de uma reportagem falsa que teria sido publicada por hackers. Apesar de ter ficado poucos minutos no ar, o texto foi copiado e disseminado pelas redes e continua arquivado em outros sites.

Apesar de os russos evitarem publicar relatórios com baixas, há indicações de que o número de russos mortos e feridos é muito maior do que os número oficial divulgado pelo Kremlin no início do conflito. Há poucos dias, uma reportagem da Radio Liberty de Belarus – uma organização financiada pelos Estados Unidos – apontou que os necrotérios na área de fronteira do país com a Ucrânia estariam lotados de soldados russos mortos. Vídeos mostraram colunas inteiras de veículos russos supostamente trazendo soldados mortos ou feridos para Gomel, em Belarus.

De acordo com a reportagem, corpos de milhares de soldados foram enviados para a Rússia a partir de Belarus. A DW também obteve informações sobre grandes quantidades de soldados russos feridos sendo tratados em hospitais belarussos.

Ucrânia relata mortes de generais russos

O jornal online ucraniano The Kyiv Independent publica regularmente estimativas do Estado-maior ucraniano sobre baixas do inimigo. Estimativas apontam até 15.000 baixas russas, número que inclui soldados mortos, capturados e feridos.

No entanto, esses números também não foram verificados ​​de forma independente. Não há informações sobre a metodologia da pesquisa. É muito provável que o exército ucraniano tenha inflado os números para propagandear uma suposta eficácia em combate e em suas conquistas militares.

Segundo informações que vêm da Ucrânia, seis dos 20 generais russos de alto escalão envolvidos na invasão da Ucrânia morreram nas últimas semanas. O general americano David Petraeus, um veterano da Guerra do Afeganistão, considera um número tão alto como “muito, muito incomum” e aponta que ele pode ser um sinal de que as estruturas de comunicação e comando russas foram severamente afetadas. Um porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA abordou os relatos com muito mais cautela.

Pentágono continua cauteloso

O Departamento de Defesa dos EUA também está monitorando de perto a situação na Ucrânia. O Pentágono prepara suas próprias avaliações da situação com base em dados de inteligência, imagens de satélite e tráfego de rádio russo interceptado.

O Departamento de Defesa dos EUA está atualmente divulgando uma estimativa de cerca de 7.000 russos mortos e cerca de duas a três vezes esse número de feridos. Um total de cerca de 150.000 soldados russos estariam envolvidos na invasão. Se os números americanos estiverem corretos, mais de 10% das tropas russas que fizeram parte da primeira leva de ataque não estariam mais operacionais após apenas um mês.

Para efeito de comparação, esses supostos 7.000 militares russos mortos representam um número maior do que o total de soldados americanos que morreram ao longo de 20 anos nas campanhas no Iraque e no Afeganistão combinadas.

Em seu cálculo das perdas russas, os especialistas militares dos EUA também contam com outras fontes. A plataforma de internet holandesa Oryx, por exemplo, documenta meticulosamente quantos veículos militares russos foram destruídos ou capturados pelo exército ucraniano. Cada um desses veículos é contabilizado com uma foto ou registro de vídeo com data precisa.

Segundo a plataforma, o exército russo perdeu pelo menos 270 tanques, 258 veículos de infantaria e 178 veículos blindados de combate em um mês. Como o espaço para tripulação desses veículos é conhecida, é possível fazer uma estimativa de quantos soldados russos foram tirados de combate após a destruição dos blindados.

Falsificações

No entanto, esses números também devem ser tratados com cautela. A verificação do material às vezes leva um tempo considerável, de modo que os próprios administradores do blog militar já estão apontando não dar conta do grande número de dados recebidos.

Além disso, a proporção de vídeos falsos e material de propaganda manipulado aumentou constantemente desde o início da guerra, o que torna a verificação ainda mais complexa. Isso também torna consideravelmente mais difícil estimar as perdas reais das forças russas.

No entanto, os números de perdas de equipamentos militares pesados ​​já verificados também sugerem que as baixas russas realmente parecem ser muito maiores do que as inicialmente divulgadas pelo Kremlin.

Se o número de mais de 7.000 soldados russos mortos até o momento estiver correto, então, após um mês de guerra na Ucrânia, o exército russo já teria registrado a metade das perdas sofridas pelo Exército Vermelho nos dez anos de intervenção soviética no Afeganistão, entre 1979 e 1989.

Fonte:      dw.com


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