O clima da Terra está mudando a uma velocidade nunca vista antes. Sentimos isso na pele e observamos seus efeitos: a degradação dos oceanos, as queimadas, as secas e inundações, enquanto nossos ecossistemas se deterioram rapidamente.
Por trás de tudo isso, há uma certeza: as atividades humanas estão impulsionando esse cenário sombrio, principalmente ao liberar bilhões de toneladas de gases que retêm calor, na atmosfera da Terra.
A má notícia é que as mudanças climáticas continuarão nos próximos anos, pois os gases de efeito estufa que já foram liberados na atmosfera continuarão lá por décadas ou até séculos. O que mais assusta, no entanto, é que a implementação de políticas e tecnologias de mitigação levariam tempo, isso se um dia forem seriamente adotadas.
Confira abaixo as principais projeções climáticas para as próximas décadas, com base em dados científicos e modelos climáticos
Ao contrário das mudanças de tempo, que nos fazem (ou não) sair de casa com guarda-chuvas e agasalhos, as mudanças climáticas se referem a transformações significativas e duradouras nas temperaturas médias e nas condições climáticas da Terra. Na última década, por exemplo, o mundo esteve, em média, cerca de 1,2 °C mais quente do que no final do século 20.
Em fevereiro deste ano, o serviço climático da UE confirmou que o aquecimento global excedeu 1,5 °C no período de 12 meses entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024. É a primeira vez que isso ocorre no período de apenas um ano, e não por acaso foi apurado depois que 2023 foi declarado o ano mais quente já registrado.
Entre as projeções feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), uma das mais plausíveis é que as temperaturas médias globais vão continuar aumentando. Segundo a organização internacional, até o final do século 21, a temperatura média global poderá aumentar entre 1,5 °C e 4 °C em relação aos níveis pré-industriais, dependendo das emissões de gases de efeito estufa.
Elevação do aquecimento global a 2% poderá expor milhões de pessoas aos riscos climáticos.
Mesmo dentro do cenário mais otimista de 1,5 °C de aquecimento (objetivo proposto por países no Acordo de Paris, de 2015), alguns impactos importantes podem ocorrer nos ecossistemas e nas sociedades humanas. Um icônico relatório da ONU em 2018 aponta as principais consequências de uma possível elevação do aquecimento global, de 1,5 °C para 2 °C:
- dias extremamente quentes: em média 4 °C mais quentes nas regiões fora dos polos e trópicos
- elevação do nível do mar em 0,1 m, expondo até 10 milhões de pessoas a eventos, como inundações frequentes
- perda de 99% dos recifes de coral
- duplicação do número de plantas e vertebrados expostos a condições climáticas inadequadas em mais da metade dos seus habitats
- exposição de centenas de milhões de pessoas a riscos relacionados ao clima e suscetíveis à pobreza até 2050.
Aumentar a temperatura acima do teto de 1,5 °C implicaria, conforme os cientistas, em ultrapassar os chamados “pontos de ruptura”, a partir dos quais as mudanças climáticas poderiam desandar e se tornar irreversíveis. Uma das consequências, o colapso da camada de gelo na Groenlândia, traria um aumento catastrófico dos níveis do mar por séculosLinhas largas mostram o alcance possível, conforme a estratégia adotadaFonte: Climate Action Tracker, dezembro 2023.
Desde o início dos anos 2000, cientistas vêm estudando e quantificando a relação entre as emissões cumulativas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e o aumento da temperatura global. Nesse sentido, foi crucial a participação do IPCC em formalizar e popularizar esse nexo causal, consolidando o conceito de orçamento do carbono global como uma das principais ferramentas para compreender e gerenciar o clima global.
Após o Acordo de Paris ter estabelecido, em 2015, o objetivo de limitar o aumento da temperatura global em 1,5% acima dos níveis pré-industriais, o IPCC publicou, em 2018, um relatório especial chamado “Aquecimento Global de 1,5 °C”.
No documento, foi refinado o conceito de carbono restante (RCB na sigla em inglês), como a quantidade líquida de CO2 que os humanos ainda podem emitir sem para ter uma chance de limitar o aquecimento global ao nível proposto na COP21.
A atualização mais recente do RCB, um estudo publicado em outubro de 2023 na revista Nature Climate Change, estima que, para termos uma chance de 50% em limitar o aquecimento a 1,5 °C, restam menos de 250 gigatoneladas de CO2 no RCB. Isso significa que, mantendo-se os níveis das emissões de 2022, o carbono estará esgotado por volta de 2029.
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Fonte: tecmundo.com.br