Em sessão realizada na tarde desta terça-feira (23), os membros da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, da Câmara Municipal de Cuiabá, aprovaram a abertura de uma comissão processante contra o vereador Paulo Henrique (MDB), preso na sexta-feira (20), durante a Operação Pubblicare, que é um desdobramento da Operação Ragnatela. Na ocasião os vereadores se queixaram dos colegas que os criticaram e os acusaram de morosidade neste processo.
A Comissão de Ética e Decoro Parlamentar já estava analisando o pedido de abertura de comissão processante contra Paulo Henrique logo após a primeira fase da operação, deflagrada em junho. Segundo os membros, o processo é complexo, necessitavam de prazo para lê-lo e também para dar tempo caso houvesse novos fatos, como acabou acontecendo.
O vereador Kássio Coelho (PSB) iniciou pontuando que tudo tem um prazo e não se pode atropelar as coisas. Afirmou que a comissão é imparcial e não foi criada para prejudicar nenhum colega parlamentar, mas sim para apurar.
“Tem colegas aí que tem essa forma de atitude de trabalho, você não vai ver eu agredindo nenhum colega, só se vier para cima e pisar no calcanhar, aí a gente se defende, mas eu partir para agredir é difícil. É uma coisa triste, até porque ele é responsável pelo próprio CPF dele, mas tem família (…), conheço a família do Paulo, conheço a esposa, os filhos, estive no casamento dele então a gente tinha um relacionamento com o Paulo, como pessoa, era uma pessoa maravilhosa conosco”.
O presidente da comissão, vereador Rodrigo Arruda e Sá (PSDB), concordou com Kássio e criticou os parlamentares que têm se utilizado da situação para tentar ganhar votos.
“Nós temos feito essa fala contundente tendo em vista os ataques, isso é ruim, época eleitoral e os colegas em vez de fazer propostas, trazerem clareza, situações que vão alavancar a imagem desta Casa, não, eles tentam denegrir a imagem de colegas, mesmo sem ter nenhuma razão, nenhum conhecimento, porque se fosse eles pelo menos teriam protocolado ofício pedindo a clareza dos fatos, mas nunca foram atrás de nada e agora quando um vereador, o Paulo Henrique, que era um colega nosso aqui da Casa, todos respeitavam, ninguém tem bola de cristal para saber destes envolvimentos, ele tem família por trás dele (…). Nós respeitamos a vereadora Edna Sampaio, da mesma forma nós estamos respeitando o Paulo Henrique”.
O vereador Wilson Kero-Kero (PMB) também se queixou dos colegas que os acusaram de morosidade e negou que a comissão foi omissa, mas sim respeitou os devidos trâmites.
“Eu não concordei, falei taxativamente a eles isso, não fiz o que eles fizeram, tentando fazer uma pirotecnia em cima dessa situação do Paulo Henrique. Nós tínhamos aqui um trabalho feito, desde o começo (…), o processo está aqui na comissão de Ética, ele não estava parado, em momento algum foi feito algum retardamento, algum trabalho para não haver o avanço do processo, e aí, eis que (…) dois dias após a sua convocação houve a prisão do vereador Paulo Henrique”.
Após as falas os vereadores então votaram, por unanimidade, pela abertura da comissão Processante contra Paulo Henrique, que pode resultar na cassação do mandato.
O emedebista, que é candidato à reeleição, foi alvo da Operação Ragnatela, acusado de ter recebido benefícios financeiros do grupo para facilitar a liberação de licenças aos eventos realizados para o Comando Vermelho, que tinham o objetivo de praticar lavagem de dinheiro. O parlamentar nega as acusações.
Fonte: gazetadigital.com.br