MT: QUEM PERDEU TUDO: Lojistas do Shopping Popular tentam recomeçar instalando banca em calçadas

MT:   QUEM PERDEU TUDO:   Lojistas do Shopping Popular tentam recomeçar instalando banca em calçadas
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Tudo sobre o incêndio e o futuro dos comerciantes está envolvo de dúvidas

Lojistas do Shopping Popular tentam recomeçar instalando banca em calçadas

Na última sexta-feira(19), alguns dos 600 lojistas que perderam tudo no incêndio do Shopping Popular começaram a se instalar em calçadas.
Eles estão montando barracas num trecho da Carmindo de Campos, na entrada do estacionamento do antigo centro comercial.
A venda ocorre a céu aberto, sob sol escaldante, como era a vida de antigos ambulantes que se tornaram lojistas no Shopping Popular.
Neste sábado(20), a aglomeração de barracas e a movimentação de consumidores já era grande.
Paralelo à luta de quem perdeu tudo para recomeçar, há um emaranhado de desdobramentos envolvendo a questão.
Em Cuiabá, o incêndio que mudou e vai marcar para sempre a vida dos empresários e suas famílias agora está no centro da discussão política de diversos partidos.
Além das manifestações de solidariedade e investigações policiais e periciais, há promessas políticas, críticas e, claro, muita gente querendo colher dividendos políticos em ano de eleições.
Todavia, a única coisa real entre todos os que dependiam da renda daquele centro comercial são as dúvidas.
“Não sabemos o que pode se tornar realidade de tudo o que já prometeram”, reclama Luiz Paulo Oliveira dos Santos, filho de Maria José, sócios de uma loja lá.
“Minha mãe está sofrendo muito. Não quer nem conversar sobre o assunto”, lamenta ele.
“Ela está acompanhando à distância enquanto tenta reunir forças para recomeçar”, observa.
Entre as conversações e promessas, estão do presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva; do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro; do vice-governador do Estado, Otaviano Pivetta; do presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho, entre tantos outros.
Ao lado do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que é de Mato Grosso, Lula disse que vai ajudar para que os lojistas “voltem a trabalhar com cidadania, com dignidade e de forma muito respeitosa”.
Do Governo do Estado, a ajuda inicial viria com a abertura de linhas de créditos aos lojistas no ‘Desenvolve MT’.
A agência financeira pública pode oferecer dinheiro com juros mais baixos que os do mercado e carência maior para início do pagamento das parcelas.
O prefeito Emanuel Pinheiro diz que as medidas precisam ser rápidas e não se trata apenas de reconstruir a obra física, mas também de ajudar na reconstrução da vida familiar.
Uma das medidas seria, diz ele, unir o Cuiabanco, agência financeira municipal, e o Desenvolve MT para garantir acesso ao dinheiro.
Botelho, pré-candidato a prefeito de Cuiabá, sugere empréstimo a juro zero com valores que podem chegar a R$ 120 mil.
Enquanto nada é efetivado, a proposta que está mais adiantada em andamento diz respeito à instalação dos camelôs em barracas no complexo esportivo Dom Aquino, ao lado do antigo shopping.
Para essa, porém, o Ministério Público Estadual se manifestou contrário.
O órgão entende que o centro esportivo é de uso público coletivo e não poderia servir a fins privados.
O presidente da Associação do Shopping Popular há quase 30 anos, Misael Galvão, chorou copiosamente durante reunião com lojistas e entrevista à imprensa lamentando o incêndio e agora está sob ameaça de investigação.
O prédio não tinha seguro e a entidade não tem dinheiro em caixa.
Cada lojista, de um total de pouco mais de 600, pagava cerca de R$ 1.500 ao mês de condomínio.

 

VAQUINHA – Elenir dos Passos Maciel, 57, dona da loja de pijamas e lingeries ‘De Bem Comigo’, no Shopping Popular, pensou que estava em um pesadelo quando leu a primeira mensagem do incêndio.
Às 4h da madrugada da última segunda-feira(15.07), ela diz que se levantou da cama e acordou o marido, José Carlos. Informou-o da mensagem de um incêndio que destruía o shopping.
“Meu marido simplesmente disse: você está tendo um pesadelo. Deite-se e volte a dormir”, conta ela.
Elenir chegou a acreditar, assim como o marido, que vivia um pesadelo, porém decidiu buscar confirmação com as filhas.
Seguiu para o quarto da mais velha, Taísa, para quem mostrou a mensagem.
Enquanto a família tentava acreditar, imagens e áudios não paravam de chegar no celular de Elenir.
Fotos e vídeos no grupo de Whatsapp de lojistas do shopping exibiam as labaredas.
Mostravam o prédio tomado pelas chamas e áudios retratavam o desespero de seus amigos comerciantes.
“Quase enlouquecemos. Realmente foi difícil de acreditar”, assinala.
“Ninguém que espera que tudo que construiu trabalhando por anos, com sacrifício, possa ser reduzido a cinzas em poucos minutos”, analisa Elenir.
Ela tinha a loja, a de número 95, há 10 anos naquele popular centro comercial.
A rotina de Elenir era dura. Saltava da cama às 5h, fazia o café da manhã e o almoço da família antes de sair de casa.
Abria a loja às 8h e fechava às 16h30. Fechava um pouco mais cedo que a maioria dos lojistas porque precisava ajudar o marido em um bar.
No bar, ela e José Carlos seguiam trabalhando até a meia noite.
O marido de Elenir já tem 65 anos e pensava em fechar o bar-lanchonete e parar de trabalhar a noite.
Investir mais na loja era o plano deles, só que de lá não sobrou uma única peça de roupa.
O estoque, estimado em R$ 200 mil, o fogo destruiu.
No sábado anterior ao incêndio, ela havia recebido uma remessa grande de pijamas de inverno.
Cerca de R$ 6 mil em mercadorias chegaram em uma única caixa.
“Estávamos vendendo bem e por isso resolvi comprar mais”, explica.
“Até pensei em levar tudo para casa, mas não o fiz”, arrepende-se ela.
A comerciante diz que desembalou boa parte para abrir espaço dentro da pequena banca.
Sem nada no estoque, Elenir tem que recomeçar do zero.
A microempresária, uma ex-sacoleira que vendia lingeries desde os 20 anos, ainda não sabe o que o futuro lhe reserva.
Ela espera contar com a solidariedade da população para iniciar uma nova loja.
Assim como os demais lojistas, isso deve ocorrer em instalações improvisadas no Centro Esportivo Dom Aquino, área anexo ao shopping.
Com a ajuda das filhas, Taísa, Larissa e Letícia, Elenir abriu conta em um site de vaquinha online.
A expectativa dela é arrecadar R$ 30 mil para começar a recompor o estoque.

Você pode ajudar via Pix, usando a chave:
4962770@vakinha.com.br ou direto na conta dela:
13.695.142/0001-62

Fonte:  diariodecuiaba.com.br


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