O Corinthians saiu derrotado do Allianz Parque na noite da última quinta-feira. No primeiro Derby de 2022, o Palmeiras venceu por 2 a 1 o time de Vítor Pereira, que só está há três jogos à frente do elenco. Ainda assim, ele disse não ser um “treinador de arranjar desculpas” ao analisar a partida.
“Eu normalmente não sou um treinador de arranjar muitas desculpas, eu sou um treinador para analisar a realidade, o que se passou no meu ponto de vista. O que aconteceu foi que tivemos uma dificuldade em perceber que os espaços, por mérito do Palmeiras, que nos pressionou com muitas porções individualizadas, ou seja, porções sobre o portador da bola”, iniciou o português em coletiva de imprensa após o clássico.
“Nós não conseguimos perceber que, muitas vezes, faltou mobilidade entre os meias e os extremos, e faltou movimentar essa profundidade para libertar esses espaços, ou seja, muitas vezes, no espaço, estava a profundidade ou necessitava de uma troca posicional para se libertar entrelinhas. Tivemos dificuldades, faltou um pouco de agressividade defensiva sobre os zagueiros deles, sobre a linha defensiva muitas vezes a três que eles fizeram, portanto faltou agressividade, permitindo muitas vezes o passe longo na profundidade e obrigando-nos a correr para trás”, complementou.
No ponto de vista de Vítor Pereira, o Palmeiras também deveria ter sido advertido com cartões amarelos por conta de algumas faltas, o que não aconteceu.
“(Tivemos) essa dificuldade na construção e também faltas consecutivas, no meu ponto de vista, com excesso de agressividade, que exigiam cartões amarelos e, depois, então, provavelmente o Palmeiras já não poderia ser tão agressivo, mas, pronto, as coisas foram evoluindo assim. Depois, na segunda parte melhoramos, mas sofremos aquele gol de canto. Sabíamos perfeitamente daquela entrada, antecipar da primeira área, mas não fomos capazes de comunicar e antecipar a ação”.
Ele, por fim, disse que não consegue fazer tanto em tão pouco tempo, afinal, está há apenas três semanas no Corinthians. “Fundamentalmente foram dois clássicos jogados, um com três dias de trabalho e outro com duas semanas contra um clube que tem dois anos de trabalho, portanto, não é fácil construir um processo de jogo, eu não faço milagres, não tenho uma varinha mágica, não sou mágico, evidentemente hoje tivemos um adversário mais forte, mais agressivo que a Ponte Preta e mais forte, um árbitro que deixou também que a agressividade tivesse sempre no limite e, pronto”.
Mesmo com o revés, o Alvinegro segue líder do grupo A, com 20 pontos, e está classificado para as quartas de final do Campeonato Paulista. O próximo compromisso, o último jogo da fase de grupos, será no domingo, contra o Novorizontino, fora de casa.
Veja outros trechos da entrevista coletiva:
Mais análise do jogo
“Fundamentalmente foram dois clássicos jogados, um com três dias de trabalho e outro com duas semanas contra um clube que tem dois anos de trabalho, portanto, não é fácil construir um processo de jogo, eu não faço milagres, não tenho uma varinha mágica, não sou mágico, evidentemente hoje tivemos um adversário mais forte, mais agressivo que a Ponte Preta e mais forte, um árbitro que deixou também que a agressividade tivesse sempre no limite e, pronto. Nós não conseguimos, de fato, de libertar daquela pressão, mais na primeira parte, porque na segunda tivemos mais paciência, que foi um erro que cometemos no primeiro tempo, que a bola entrava num corredor e nós queríamos acelerar por ali, portanto não tivemos a intenção de ligar o corredor e tivemos dificuldades por aí, alguma falta de mobilidade, mas na segunda parte já não vi o Palmeiras da mesma forma, nós já conseguimos libertar em alguns momentos do jogo e acabou por ser uma falta, que, para mim, não é falta fora da área, que depois resultou num escanteio e sofremos o gol”.
“Caímos um pouco nas marcações quase individuais que o Palmeiras faz, excesso de agressividade que não foi, na minha opinião, sancionado com faltas perigosas, anular contra-ataques ou situações perigosas de ataque nossas, portanto, eles foram ganhando confiança sentindo que podiam ser cada vez mais agressivos, porque não havia cartões, nós fomos amarelados. Para mim houve uma diferença de critério, mas também entendo a qualidade do árbitro, pela experiência do árbitro, não julgo dessa forma. Fundamentalmente o Palmeiras foi mais agressivo do ponto de vista defensivo e a nós faltou essa capacidade de nos libertarmos dessa marcação. Na segunda parte já não foi assim. É um processo”.
Falhas individuais
“Não sou treinador para atribuir falhas individuais. Nós ganhamos juntos e perdemos juntos. Estamos em um processo de construção de determinada forma de jogar, esses são dois (…) que precisam ser corrigidos, e o processo tem que ser em qualidade, é natural, estamos com duas semanas de trabalho. É por falta de trabalho que, naturalmente, esse time não está no nível que pretendemos”.
Estilo de jogo mais agressivo
A intenção será sempre… Nós trabalhos diariamente para termos bola, para criarmos linha de passe, para termos mobilidade com bola, para reagirmos e sermos agressivos quando não temos (a bola), essa tem que ser sempre a intenção. Agora, eu ouço falarem muito, chegamos há duas semanas e naturalmente que as pessoas podem pensar que em duas semanas se possa transformar completamente uma equipe que, de fato, com a Ponte Preta fez um bom jogo. Naturalmente eu não estava à espera de um jogo de domínio completo, o que eu disse que a intenção terá sempre que ser ter a bola, reagir à perda de bola, pressionar… Essa tem que ser sempre a intenção da equipe. Às vezes vamos conseguir com mais qualidade, outras vezes teremos que fazer correções no sentido de crescermos para esse tipo de equipe. Eu nunca disse que vinha buscar, que íamos dominar o Palmeiras, que não íamos deixar o Palmeiras jogar, que nós que íamos jogar… Eu nunca disse nada disso, nem nunca vou dizer. Vou dizer que nossa intenção é marcar alto, ter a bola, pronto… Temos que evoluir. Foi uma dificuldade maior com duas semanas de trabalho contra uma equipe que tem dois anos de trabalho com o treinador. Temos que ter os pés no chão e perceber as circunstâncias de cada equipe”.
Lateral-esquerda e substituições
“Nós, quando temos que arriscar um pouco no jogo, naturalmente temos que variar um pouco criando ou tentando criar diferentes dificuldades à equipe adversária. Naturalmente, a lesão do Fábio Santos e do Bruno Melo limita-nos um pouco do lado esquerdo, então, neste momento, o único jogador que está disponível é o (Lucas) Piton. O Fagner, do lado direito, sentiu uma certa fadiga muscular, foi ele próprio que falou que estava com algum desconforto, portanto, eu quis, com a entrada do Mantuan, dar um pouco mais de profundidade daquele lado, o Adson gosta de jogar por dentro e criou problemas, e o sentido foi esse, alterar alguma coisa, chegar mais um pouco, porque queríamos ganhar”.
Vontade x jogo
“Vontade acho que não faltou, agora, dificuldades de se adaptar a um gramado sintético, que é diferente do nosso; a um adversário que tentou, essencialmente na primeira parte, pressionar alto e marcar forte; um árbitro, sinceramente não gosto de criticá-los, todos erramos, temos direito a errar e corrigir, mas teve um critério diferente, um pouco a deixar jogar com agressividade no limite; que determinadas situações do jogo, se tivessem sido anuladas, o Palmeiras não poderia ter jogado daquela forma agressiva que jogou e que nos limitou. Mas eu não gosto muito de me agarrar aos árbitros e às desculpas, então temos que melhorar. Quando enfrentamos uma equipe como esta do Palmeiras, melhorar o nosso processo ofensivo, perceber claramente quais são os espaços que podemos atacar, onde podemos ferir o adversário, e tivemos dificuldade de perceber isso, principalmente no primeiro tempo”.
Próximo jogo
“Vou avaliar o estado dos jogadores e provavelmente terei que fazer algumas alterações para fazer uma gestão que nos permita jogar a um bom nível”.
Início com dois clássicos
“Foi pouco trabalho, mas é um pouco de azar. Realmente, pegar dois clássicos com duas semanas de trabalho, não fui muito feliz no calendário. Agora, foi como foi, estamos comparando, volto a dizer, um trabalho de dois anos do Abel no Palmeiras contra um trabalho de duas semanas do Vítor Pereira no Corinthians, são coisas incomparáveis, vocês não podem estar agora aqui atribuir… É impossível, em duas semanas de trabalho, preparar uma equipe para jogar em um nível alto. Temos que ter os dois pés na terra. São vocês que criam as expectativas, portanto, nós fizemos um bom jogo contra a Ponte Preta, mas eu não disse que seria possível chegar aqui hoje e jogar do mesmo nível. As pessoas criam uma expectativa e nós depois temos que responder em duas semanas de trabalho”.
Fonte: www.gazetaesportiva.com