A principal causa da crise humanitária do povo yanomami é o garimpo ilegal, que explodiu com Bolsonaro
Instalada no último dia 13, a comissão externa da Câmara dos Deputados que vai participar da investigação sobre a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima e Amazonas, será composta por uma quase unanimidade de bolsonaristas.
Por exemplo:14 dos seus 15 membros são apoiadores declarados do ex-presidente Jair Bolsonaro, sendo 6 do PL.
Os mesmos 14 deputados são também integrantes da bancada ruralista, que tem histórico de enfrentamentos ao movimento indígena.
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Da bancada de Mato Grosso, foram escolhidos os deputados Coronel Fernanda, que será a coordenadora do grupo; Coronel Assis, José Medeiros e Abílio Brunini, todos do PL; e Gisela Simona (União), que não é bolsonarista.
Nelson Barbudo, que ainda não assumiu a vaga de Amália Barros no PL, não está relacionado.
Mas, como mostrou no seu primeiro mandato (2018-2022), ele sempre se revelou uma espécie de seguidor fanático do ex-presidente.
Os deputados que integram o colegiado, escolhido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), votaram a favor do Marco Temporal, tese que afirma que o indígena só tem direito a terra se comprovar que estava sobre aquele território na data da promulgação da Constituição Federal de 1988.
“Depois de 468 dias, ele (Arthur Lira) vem instalar a Comissão Yanomami, que foi a primeira ação do nosso mandato, na posse de Lula. Fui a primeira parlamentar a ir ao território yanomami no ano passado para acompanhar de perto a gravíssima crise enfrentada por aquele povo, causada pelo aumento de 54% do garimpo ilegal em suas terras e pelo genocídio incentivado pelo Governo de Bolsonaro”, criticou a deputada Célia Xakriabá (PSol-MG).
DEFESA DO GARIMPO – Deputados de Mato Grosso são a favor do garimpo em terras indígenas, seguindo a cartilha do Governo Bolsonaro.
O deputado José Medeiros defendeu o Governo Bolsonaro na construção da crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, acusando os indígenas de canibalismo e afirmando que a desnutrição é causada pelas caminhadas na mata.
“Ainda sobre a questão dos yanomamis, há outra narrativa. Ali existe uma cultura própria. Quem conhece aquela história sabe que primeiro comem os guerreiros, chamados homens; depois, as mulheres; e, se sobrar, as crianças”, alegou.
“Aquele território dos yanomamis dentro do Brasil é do tamanho de Portugal. Dentro da Venezuela, é do tamanho da Suíça, e eles transitam ali. Em algumas comunidades — e eles são nômades —, às vezes, eles entram na mata, e o Estado não tem como chegar até eles. Quando eles voltam, às vezes, estão desnutridos, sim”, disse, em sessão do dia 30 de março de 2023.
Já Abílio Brunini, que é pré-canddato a prefeito de Cuiabá, ao defender o papel de Bolsonaro, preferiu colocar a culpa em organizações não-governamentais e a então oposição.
“Não venham nos botar a culpa agora. Nós sabemos que esse problema da terra não é um problema do Governo Bolsonaro, mas, sim, das diversas ONGs que são mantidas com os recursos desse pessoal da esquerda”, afirmou, em sessão de 8 de fevereiro de 2023.
MARCO TEMPORAL – A deputada Célia Xakriabá criticou a escolha dos integrantes da comissão, composta por “14 deputados de extrema-direita”, segundo ela.
“Não existe instalar uma comissão externa, sobretudo, com pessoas que não tem compromisso com a questão indígena, majoritariamente ou totalmente pensado somente para um lado, da extrema direita”, afirmou.
“Se quer polarizar com o Governo, se quer perseguir o Governo, se quer contrapor com o Governo, que utilize outra pauta, não a pauta indígena. Quer dizer que está do lado dos povos indígenas, mas vota a favor do Marco Temporal”, disparou.
A posição favorável ao Marco Temporal foi, realmente, unânime entre os integrantes da comissão.
De seus 15 membros, 14 votaram pela aprovação do projeto na Câmara.
A única exceção foi Gisela Simona, que esteve ausente da votação, mas que defendeu a derrubada dos vetos do presidente Lula.
Ela, assim como os demais integrantes da comissão, votaram pela derrubada dos vetos – incluindo o item que estabelecia a própria tese do Marco Temporal, que afasta a “ocupação tradicional” da terra no caso de ela não estar ocupada no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.
A comissão, que será coordenada pela deputada Coronel Fernanda, terá os seguintes membros:
– Abílio Brunini (PL-MT)
– Capitão Alberto Neto (PL-AM),
– Coronel Assis (União-MT)
– Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
– Cristiane Lopes (União-RO)
– Dr. Fernando Máximo (União-RO)
– Gabriel Mota (Republicanos-RR)
– Gisela Simona (União-MT)
– José Medeiros (PL-MT)
– Lúcio Mosquini (MDB-RO)
– Nicoletti (União-RR)
– Silvia Cristina (PL-RO)
– Silvia Waiãpi (PL-AP).
Com informações do site Eco.
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Fonte: diariodecuiaba.com.br